American Gods – 3ª Temporada

Onde assistir
Uma pausa nos dramas dos deuses dá lugar para os dramas terrenos na terceira temporada de "American Gods"

Quem apostou que todas as trocas de diretores iria afetar a produção da 3ª temporada de American Gods infelizmente estava certo, a qualidade caiu um pouco mais do que o esperado, mas ao assistir aos 10 episódios o público poderá perceber que nem tudo está perdido. Enquanto Neil Gaiman continuar acompanhando o desenrolar da trama e dos bastidores, ainda existe uma chance de a história terminar bem, certo? Afinal, livro e autor oferecem toda a base necessária para tanto.

Nessa terceira parte, vários personagens são jogados para escanteio enquanto alguns ganharam a oportunidade de exibir um novo lado de sua personalidade. O próprio personagem principal, Shadow Moon (Ricky Whittle) é um deles. Temos a chance de ver um Shadow que tenta se afastar dos problemas dos Deuses. Ele está mais calmo, tanto em temperamento quanto em imagem (que por sinal mudou até que bastante), e se mostra determinado a encontrar um propósito mais humano do que divino para sua vida. É claro, a curiosidade por aquilo que ele não entende completamente é sempre maior, e os sonhos que sempre o acompanham não facilitam em nada. E se esse é um ponto neutro na característica da temporada, o final, no que diz respeito às ações de Shadow, é definitivamente um ponto positivo, pois entra na lista de “passagens do livro bem retratadas na série”.

Outras duas personagens que passam um bom tempo se reconectando consigo mesmas, e literalmente destrinchando seu envolvimento com tudo que transcende o mundo mortal, são Bilquis (Yetide Badaki) e Laura Moon (Emily Browning). Falando primeiramente da Deusa (que mulher!!!), sua trajetória nessa temporada é sensacional. Há uma cena maravilhosa em que parte da identidade dela é ligada aos Orixás que vale praticamente toda a temporada, fora todos os outros incríveis detalhes relacionados às divindades africanas que levaram até essa cena. Agora, sobre Laura, pode-se dizer que apesar de seu temperamento não ter mudado e ela estar afiada como sempre, um lado mais profundo da personagem é revelado. Ligeiramente menos impulsiva, um pouco mais disposta a se conectar com os outros e absolutamente determinada a conquistar seus objetivos. Aqui vale destacar que, se for como no livro, é uma importante parte das ações dela, principalmente a dos episódios finais, que contribuem para o plot twist que muitos já tiveram a oportunidade de ler. Quem sabe a série tem chance de ser conduzida da mesma forma.

Existem ainda outros pontos da série que serão lamentados público, como o fato de alguns Deuses terem sido deixados de fora da história nesse momento, como o tão amado Sr. Nancy ou Anansi, vivido por Orlando Jones, e o mais que espirituoso Mad Sweeney, interpretado por Pablo Schreiber. Seja por diferenças contratuais, desentendimento com a produção ou pelo enredo em si, eles com certeza fizeram falta. Além disso, alguns episódios mais melancólicos focaram em mostrar apenas passagem de alguns “grandes” deuses pela trama. Foi o caso da deusa Deméter (Blythe Danner), que simboliza a boa colheita, a agricultura.

Agora, ao mesmo tempo que o ritmo da trama diminuiu, sua densidade aumentou. Os personagens “meramente humanos”, mostram suas fraquezas, alegrias, conquistas, vivências e isso, se pararmos para pensar bem, é a base do comportamento dos Deuses e um dos pilares essenciais da história de American Gods. Se a mescla entre esses dois mundos for feita com um pouco mais equilíbrio, com certeza teremos novas e melhores temporadas a esperar. O importante é não perder a fé agora e continuar acreditando. Quem sabe os deuses não interferem a nosso favor?!

Você também pode gostar...