Aqueles que me Desejam a Morte

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O talento de Angelina Jolie não é o suficiente para empolgar em "Aqueles que me Desejam a Morte"

A carreira de Angelina Jolie é repleta de filmes. Ela possui cerca de 30 créditos, dos mais variados tipos de produções. Se algo define suas escolhas, é sua preferência por certos tipos de projetos – narrativas maiores do que a vida, feitas sob medida para uma atriz que, independente do alcance de seus talentos ganhadores do Oscar, nunca seria escalada como uma mulher comum. E Aqueles que me Desejam a Morte é o tipo de filme que uma ou duas décadas atrás provavelmente teria caído uma luva em sua filmografia: violento, operístico e alegremente ilógico, um thriller que certamente se sairá melhor no streaming do que nos cinemas.

Na verdade, a premissa é bastante familiar. No filme, Connor (Finn Little, de Tidelands) é um menino de 12 anos que presencia o assassinato do pai. Ele, então, precisa escapar dos assassinos que começam a caça-lo incessantemente. Ele encontra proteção com Hannah Faber (Jolie), uma bombeira traumatizada pelo fracasso de sua última missão. Os dois vão precisar lutar muito para sobreviver.

A Hannah Faber de Jolie é uma bombeira ousada, com botas de combate e um rabo de cavalo gigantesco que certamente não faz parte do regulamento dos bombeiros. Ela adora beber cerveja com os colegas de trabalho e se arriscar saltando de paraquedas de picapes em alta velocidade só para sentir a adrenalina. Porém, em seu âmago, ela é traumatizada por um incêndio que tirou a vida de três meninos que ela não conseguiu salvar.

Então, quando seu ex, um policial chamado Ethan (Jon Bernthal, o Justiceiro da Netflix), sugere que ela passe um tempo na torre local de observação dos bombeiros, ela aceita a empreitada – ao mesmo tempo que dois assassinos trabalham para encontrar Connor, testemunha de uma conspiração cujos detalhes são considerados irrelevantes em nossa jornada na tela (sabemos apenas que envolve governadores, congressistas, pessoas com muito a perder, e que dão possibilidade para uma participação especial extremamente deslocada de Tyler Perry, de Garota Exemplar).

Aqueles que me Desejam a Morte é dirigido e co-escrito por Taylor Sheridan, que roteirizou o ótimo neo-Western A Qualquer Custo, de 2016, e se aventurou na direção com o também excelente Terra Selvagem, protagonizado por Elizabeth Olsen (a Wanda da Marvel) e Jeremy Renner (o Gavião Arqueiro da Marvel). Porém, recentemente, ele recebeu o crédito pelo esquecível Sem Remorso, protagonizado por Michael B. Jordan (o vilão de Pantera Negra). Aqui, ele faz muitas exposições e tomadas com drones voando sobre o topo das montanhas, dando vida a cenas coreografadas onde inevitavelmente pessoas morrem.

Sheridan até tenta, mas não consegue consertar a tolice da premissa do filme, desde o cabelo improvável de Jolie até a trilha sonora pomposa de Brian Tyler (Thor: O Mundo Sombrio), nada funciona como deveria. Há um fascínio pelo fogo que parece estranhamente comemorativo, considerando os estragos que ele causa tanto no filme, quanto na vida real. Apesar de tudo, Aqueles que me Desejam a Morte ainda é levemente envolvente e, às vezes, divertido de forma quase involuntária. Para uma atriz como Jolie, que ultimamente quase não é vista nas telas, é uma oportunidade para desperdiçar o seu talento, afinal, o filme será esquecido assim que o espectador encontrar o próximo título do catálogo mais próximo.

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