As Aventuras de Peabody & Sherman

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“Todo cão deve ter um menino” diz, de forma séria, um cão pequeno de óculos e gravata. Essa é uma das falas inteligentes de Senhor Peabody, um dos protagonistas da nova animação da Dreamworks “As Aventuras de Peabody e Sherman”, dirigido pelo experiente Rob Minkoff, que já dirigiu O Rei Leão e O Pequeno Stuart Little.
Baseado na animação para a TV americana, exibida entre os anos 50 e 60, “As Aventuras de Peabody e Sherman” é sobre um pequeno cão, que se sentindo estranho e diferente desde filhote, decide se dedicar aos estudos. Ignorado cada vez mais por crianças – preste atenção em um ótima cena onde ele questiona a brincadeira clássica com a bolinha – ele decide que vai se virar sozinho. Já adulto e renomado pelos seus feitos em vários campos do saber, ele encontra um bebê abandonado em uma caixa na rua, decidindo adotá-lo e dar-lhe o que acredita ter de melhor: o seu conhecimento.
Educando o pequeno Sherman em casa, até que chegue a idade de ir para a escola, Peabody apresenta ao garoto um mundo maravilhoso através de um de seus maiores inventos: uma máquina do tempo. Com ela, Peabody e Sherman podem presenciar de perto a história da humanidade e inclusive conviver e dialogar com os protagonistas de cada período. Graças às viagens no tempo o garoto acaba se destacando nas aulas da escola, provocando a ira da pequena Penny, uma garotinha bastante temperamental e pouco acostumada a perder, que não vai sossegar até entender como Sherman sabe tanto.
“As Aventuras de Peabody e Sherman” mantém o ar dos desenhos animados clássicos. Mesclando informações sobre história, literatura, arte e ciências, o longa não deixa de divertir os pequenos e os adultos que gostem de animação. A forma como a história é mostrada, ora com tons de ironias e bom humor, ora com detalhes informativos, é outro ponto alto do longa. Ainda há a relação do cão com o menino; em um dos primeiros conflitos que Sherman se envolve na escola, os colegas o discriminam por ser o filho adotivo de um cão, e o acusam de ele ser apenas um animal. A provocação sofrida por Sherman na escola traz à tona um problema que pode ser muito bem encontrado fora da animação, se tratando sobre os novos modelos familiares. A princípio o garoto tem uma reação de negação, mas com o passar do longa assistimos a aceitação do conceito de família, importando apenas que Mr. Peabody esteja presente na vida de Sherman.
Assistindo no YouTube alguns episódios disponíveis da série originária “Peabody’s Improbable History” (algo como ‘A História improvável de Peabody’), marcados pelo inteligente uso de referência e alusões ao mundo pop e identificações tanto do universo das crianças como dos adultos, é visível que a animação dos anos 60 tenha sido grande influência para desenhos animados como Os Simpsons, de Matt Groening, por exemplo. E o longa se mantém fiel à forma como se dão as viagens no tempo, inclusive as questões físicas, não deixando os fãs de ficção científica na mão.
A direção de arte de “As Aventuras de Peabody e Sherman” retrata de maneira cômica e, em muitas situações, inusitada, os personagens e contextos históricos. Preste atenção na antiga Grécia e no Cavalo de Troia, ou ainda nas esfinges egípcias, provavelmente você verá a História de outra forma. A animação mantém o selo de qualidade já conhecido da Dreamworks. Por isso mesmo, o uso da tecnologia 3D não se justifica, já que não há nenhuma manobra de direção que torne os efeitos relevantes.
Mesmo que “As Aventuras de Peabody e Sherman” seja uma animação baseada em outros roteiros originais, continua mantendo uma magia de descoberta da sua época de origem, inclusive em épocas que a informação está apenas a um clique de alcance, garanto que adultos e crianças vão sair do cinema sabendo – e rindo – muito mais.

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