As Vantagens de Ser Invisível

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“As vantagens de ser invisível” é espelho da própria temática

Stephen Chbosky dirige o seu segundo longa-metragem, uma adaptação enxuta e comovente do romance de sua própria autoria.

“As vantagens de ser invisível” é espelho da própria temática: a princípio, nada chama a atenção. Não é presunçoso, não se coloca ao lado das obras “esteticamente belas”, a sinopse não desperta grandes expectativas, mas conforme a história se revela, nos envolve e nos emociona.

Charlie (Logan Lerman, de “Percy Jackson”) é um adolescente de 15 anos que enfrenta o drama de ser calouro no colegial norte-americano (high school), depois de se recuperar de uma depressão, que o levou a tentar o suicídio, e também da morte de seu único amigo, no ano anterior, a qual permanece insondada até o fim, sem prejuízo algum. O garoto acaba encontrando o suporte emocional que precisa no círculo de veteranos nada populares dos irmãos Patrick (Ezra Miller, de “Precisamos Falar Sobre o Kevin”) e Sam (Emma Watson, de “Harry Potter”), que acolhem Charlie com graça e carinho, e também no professor Bill (Paul Rudd), que alimenta o gosto do adolescente introvertido pelos livros, refúgio de ambos.

Aos poucos, entramos no universo sensível e conturbado de Charlie, interpretado maravilhosamente por Lerman (a empatia é tanta que a sensação é de que o protagonista não poderia ser outro), e entendemos a contundência da relação que o menino tinha com a tia, Helen (Melanie Lynskey), quando pequeno – relação essa explorada de maneira elegante (dela, apenas nuances) pelo cineasta e absolutamente fundamental para o filme e seu desenlace -, sua família, sua doçura e sua paixão por Sam… e pelos Smiths.

Paralelamente, damos um mergulho mais raso, porém não menos interessante, nas vidas de Patrick e Sam. Ezra Miller, depois de “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, sela o título de grande ator na pele de Sam, que vive em segredo um romance com um dos jogadores do time de futebol americano do colégio, Brad (Johnny Simmons), o qual não assume a homossexualidade por medo do pai e da opinião dos colegas. Emma Watson não faz por menos. A atriz surpreende e encara com maturidade Sam, a menina atrativamente incomum, forte e, no entanto, mulher-objeto de um histórico de relacionamentos problemáticos. Recai sobre Sam a frase mais marcante do filme: “Nós aceitamos o amor que pensamos que merecemos.”. Sem resquícios de Hermione, Watson abre caminhos não rotulados para si no cinema.

Às tramas bem tecidas, que nos cativam quase que sem querer, e ao cuidado e respeito com que o diretor-autor trata seus personagens (as aparições de Patrick e, principalmente, de Sam, abrem sorrisos), soma-se toda a nostalgia, trazida desde a fotografia de Andrew Dunn, dos anos 80 e 90, com suas músicas, moda e fitas cassetes.

Num contexto paradoxal, do glamour cinematográfico, Chbosky comprova que ninguém tem uma vida ordinária e realiza um filme encantador pelo qual, ao som de Pavement, Sonic Youth, The Smiths e também David Bowie, nos deixamos levar.

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