Existe uma linha invisível entre o bem e o mal, o certo e o errado, mas algumas linhas são bem notáveis, como as fronteiras, para que o bem e o mal não colidam, e para que o certo e o errado, não se envolvam. Toda situação tem seu lado da moeda, por isso Cartel Land, documentário dirigido por Matthew Heineman que concorre ao Oscar 2016, conta duas versões de uma história de conflitos políticos e territoriais dos cartéis mexicanos na fronteira com o estado do Arizona nos EUA.
Cartel, pelo próprio significado do dicionário, explica que são empresas que se unem para determinar preços e condições de mercado. Por mais sofisticado que soe a explicação, na realidade o buraco é mais embaixo, os cartéis no México são organizações perigosas que fazem tráfico de drogas e de pessoas na divisa com os EUA. Esse território é deles!
De imediato é de se imaginar que o filme fique do lado dos EUA, que por natureza se mantém firme na ideia de invasão. Mas não, o controle da mídia e de responsáveis do governo americano são os que tomam partido para sensacionalizar, já que não possuem dimensão do que realmente acontece por lá.
Por isso um dos heróis do filme e integrante da milícia dos americanos que defendem a borda, Tim Foley, se abre com a câmera sobre a luta que esses homens enfrentam para combater os cartéis, que deixam os americanos a mercê de suas ações de tráfico. Já do outro lado da fronteira, vemos João Manuel Mireles, um médico que vive na cidade de Michoacan e junto de voluntários da cidade, iniciam uma fronte de ação contra os cartéis, que nas vilas do México fazem o inimaginável, como saques, degolação e todo tipo de crueldade. Alguns depoimentos de pessoas que perderam sua família pelas organizações criminosas, é de cortar o coração. Tudo isso contra a vontade do exército mexicano. Ora, esses deveriam ser os primeiros a apoiar o povo, mas isso não acontece.
Isso porque estamos falando dos dias atuais, como essa sociedade é regressa. Mas não só o México, como muitos lugares do mundo que por um motivo de herança cultural e social se encaixa nesse tipo de nicho criminoso que vá alegramento na desgraça alheia. Uma história importantíssima que precisava ser contada e que é impossível não se envolver. Com uma perspectiva extremamente real, que acompanha batidas e conflitos com armas em situações inóspitas, Cartel Land é um dos melhores concorrentes ao Oscar deste ano.