Casablanca

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"Casablanca" é um dos maiores filmes de todos os tempos, pelos melhores motivos

Não é exagero dizer que Casablanca pode ser o filme mais amado da América. Ele teve mais críticas e resenhas escritas sobre ele do que qualquer outro filme. Desde seu lançamento em 1943, as lendas e rumores ao redor da produção geraram quase tanta atenção quanto o produto final.

No final das contas, embora seja fascinante examinar e dissecar tudo o que pode ter acontecido na produção de Casablanca, o maior prazer que alguém pode ter é simplesmente assisti-lo. Além de algum conhecimento básico da história mundial daquela época, pouca experiência é necessária para avaliar a força e o poder do longa. Casablanca realiza aquilo que só um grande filme consegue fazer: ele envolve o espectador na história, forja um elo inquebrável com os personagens, e só nos deixa ir quando sobem os créditos finais.

Ao contrário de muitos filmes que mais tarde se tornaram clássicos, Casablanca foi popular em sua época. O filme recebeu 8 indicações ao Oscar, levando três estatuetas (Melhor Roteiro, Direção e Filme). A primeira vez que vi Casablanca, no início dos anos 2000, lembro-me de observar como o filme parecia “moderno”. Embora muitos filmes dos anos 1930 e 1940 pareçam terrivelmente datados quando vistos hoje, Casablanca se sai muito bem. Os temas de valor, sacrifício e heroísmo ainda soam verdadeiros, os diálogos não perderam sua inteligência, a atmosfera (realçada pela excelente fotografia em preto e branco) com aquela escuridão que se aproxima, é tão palpável como sempre e os personagens ainda são tão bem representados e tridimensionais quanto eram há quase oitenta anos.

Quase todo mundo conhece a história, que se passa cerca de um ano depois que os alemães invadiram a França. Ilsa (Ingrid Bergman, de Quando Fala o Coração) e seu marido, o tcheco Victor Laszlo (Paul Henreid, de O Pirata dos Sete Mares), entram no Rick’s Cafe, em Casablanca. Os dois estão fugindo dos nazistas e vieram se refugiar na propriedade de um americano para se esconder. Mas o governo local, controlado pelos alemães, chefiado pelo capitão Louis Renault (Claude Rains, de O Homem Invisível), está em movimento, e Laszlo precisa agir rapidamente para obter as cartas de salvo conduto que vieram buscar para escapar para Portugal e de lá para a América. Ilsa mal sabe que o café é dirigido por Rick Blaine (Humphrey Bogart, de Uma Aventura na África), o único amor verdadeiro de sua vida. Quando os dois se veem, faíscas voam e as memórias de uma época encantada em Paris vêm à tona.

Bogart e Bergman. Quando alguém menciona Casablanca, esses são os dois nomes que vêm à mente. Os atores foram as melhores escolhas possíveis e criam um nível tão palpável de tensão romântica, que é impossível imaginar qualquer outra pessoa em seus papéis. Bogart está em sua melhor forma como o cínico durão que esconde um coração partido sob uma camada de sarcasmo. A chegada de Ilsa em Casablanca abre as fissuras na carapaça de Rick, revelando uma personalidade complexa que exige todo o poder de atuação de Bogart. Enquanto Ilsa, Bergman brilha em tela. Todos se encantam por ela.

Não é preciso dizer que Hollywood não faz mais filmes como este, porque o final agridoce não é algo que o público atual tolera, aparentemente. Se Casablanca fosse feito hoje, Rick e Ilsa escapariam no avião após evitar uma saraivada de tiros, não haveria uma bela amizade entre Louis e Rick e quem sabe o que teria acontecido com Victor Laszlo, mas ele não teria ficado com a garota. Uma das coisas que torna Casablanca único é que ele permanece fiel a si mesmo, sem ceder às percepções comuns de táticas para agradar ao público. E por isso, Casablanca se tornou conhecido como um dos maiores filmes de todos os tempos. Talvez a geração de roteiristas atual deva revisitar Casablanca mais vezes antes de apelar tanto ao obrigatório “felizes para sempre”.

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