Cimarron

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"Cimarron" tenta ter uma visão sobre minorias, mas falha miseravelmente

Cimarron é um excelente exemplo de como os gostos mudaram ao longo dos anos. Elogiado pela crítica na época de seu lançamento, Cimarron foi amado por muitos que o viram na época, fazendo o filme ganhar o Oscar de Melhor Filme, em 1931. Décadas depois, é frequentemente citado nas listas dos vencedores mais indignos e é bastante lembrado por conotações racistas e uma narrativa dispersa.

Os prêmios do Oscar para Cimarron (ele levou três estatuetas e foi indicado para mais quatro) são um indicativo da preferência da Academia por grandes e espetaculares produções nos seus primeiros dias. Esta foi a primeira vez que um Western – gênero bastante popular na época – ganhou.

Cimarron, que se parece mais com um novelão do que com um faroeste tradicional, cobre um período de 40 anos na fictícia cidade de Osage, em Oklahoma. Em 1889, quando a história começa, é uma cidade que florescendo à medida que os Estados Unidos se expandem para o oeste. Em 1929, no terceiro ato, às vésperas da Depressão, é uma metrópole próspera cuja expansão foi alimentada pelo petróleo encontrado sob o solo da Reserva Indígena vizinha.

Enquanto o escopo de quatro décadas permita uma avaliação de como os assentamentos no Velho Oeste cresceram, os personagens têm poucas oportunidades de desenvolver personalidades além daquelas definidas por seus traços principais. É difícil se preocupar muito com os homens e mulheres que povoam o filme ou com seus relacionamentos. Isso torna a experiência de assistir Cimarron pouco recompensadora além do fato de ser um filme histórico (em se tratando do Oscar).

Suas visões das minorias variam de condescendentes a insultuosas. Cimarron foi considerado progressista para sua época, mas nem os nativos americanos, nem os judeus, nem os negros são bem retratados em uma história que pretendia abordar questões de igualdade e reforma social. Os estereótipos saltam a tela.

Isaías, uma criança negra que trabalha para os personagens principais, ganha uma morte heroica que não repara a caricatura que ele representa em vida. Da mesma forma, o comerciante judeu Sol Levy é uma síntese de características comumente atribuídas aos judeus durante o início do século 20, e poucas falas são atribuídas à índia americana Ruby Big Elk.

Os cineastas acreditavam ter a mente aberta e, pelos padrões da época, até tinham. Segundo registros, a maioria dos espectadores de Cimarron, na época de seu lançamento, não percebeu nada racialmente degradante em qualquer uma das representações. No entanto, é provável que a maioria dos nativos americanos, afro-americanos e judeus que assistam ao filme se sintam insultados por algum estereótipo retratado na tela.

Cimarron foi baseado no romance de Edna Ferber. Na época, os livros de Ferber eram muito procurados para adaptações para as telas. O Barco das Ilusões foi adaptado três vezes (entre 1929 e 1959). Os direitos de Cimarron, publicado originalmente em 1929, custaram US$ 125.000 para a RKO – um valor impressionante na época. Além de O Barco das Ilusões, o filme baseado em um romance de Ferber mais conhecido é Assim Caminha a Humanidade, cuja morte de James Dean acabou chamando muita atenção (e o filme é um ganhador de Melhor Diretor do Oscar, em 1957).

Entre os vencedores do Oscar, Cimarron ocupa o seu lugar ao lado daqueles que mal são lembrados e raramente vistos pelo público atual. Geralmente não é considerado um clássico e sua reputação desencoraja a assití-lo. No IMDb, ele tem a pontuação mais baixa de qualquer vencedor de Melhor Filme. Não que isso deva ser levado em consideração, mas destaca como a produção não resistiu ao tempo. Apesar de seu design de produção chamativo e grande orçamento (para a época), Cimarron é superficial e insatisfatório, mas é interessante, principalmente no que diz respeito sobre as visões da sociedade quando foi realizado.

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