Coração Valente

Onde assistir
"Coração Valente" oferece uma experiência emocionante e, às vezes, comovente

É difícil imaginar um lançamento cinematográfico hoje que se compare com o “Coração Valente”, de Mel Gibson, em termos de espetáculo. Com seus exércitos implacáveis, ação de tirar o fôlego e grande senso de romance épico, este é o tipo de filme que é um prazer para os olhos, mesmo tantos anos depois de seu lançamento.

Como fã da aventura épica, gênero em que “Coração Valente” se encaixa, há muitas coisas neste filme que me aprazem – e a menos importante delas é sua ambição. Aqueles que veem este filme facilmente se lembrarão de “O Último dos Moicanos” e clássicos como “Lawrence da Arábia” e “Spartacus”. A grandiosidade faz parte do filme, no entanto, Gibson nos oferece não apenas batalhas memoráveis, mas também personagens substanciais.

Fazendo uso de técnicas de Sam Peckinpah e David Lean, o ator/diretor criou uma obra cinematográfica excepcional já em seu segundo trabalho. Na maioria das vezes, filmes com três horas têm alguns momentos chatos, mas “Coração Valente” está constantemente em movimento – fascinando do início ao fim. Quando os créditos finais sobem, nem parece que quase 170 minutos haviam se passado.

O personagem-título é William Wallace (Gibson), um herói da história escocesa cuja lenda se tornou maior que os fatos (à sua maneira única, o filme reconhece isso). Wallace lutou pela liberdade da Escócia no final do século XIII, empunhando sua espada e influência para derrotar as forças do rei Eduardo I (Patrick McGoohan), o monarca britânico que se declarou rei da Escócia após a morte do ex-governante.

“Coração Valente” chega lentamente ao seu primeiro clímax. Grande parte do primeiro ato concentra-se no amor de Wallace por Murron (Catherine McCormack). O namoro deles é tranquilo, mas tudo isso são peças no tabuleiro de Gibson. A verdadeira essência da história, que inclui política, traição e batalhas dramáticas, ainda está por vir. Os nobres da Escócia lutam por terras e riquezas, mas Wallace defende o indivíduo e ganha respeito com palavras e ações.

Forte e usando uma peruca de cabelos compridos, Gibson traz seu habitual carisma para o papel-título. O Eduardo de Patrick McGoohan exala uma aura ameaçadora. Ele é um inimigo digno de Wallace porque sua inteligência corresponde à sua crueldade. Sophie Marceau, a atriz que interpreta a princesa Isabelle, e Catherine McCormack também fazem um trabalho impecável.

O épico é um filme brutal e sangrento, mas a violência não é gratuita. As mutilações, decapitações e outros detalhes horríveis fazem o mundo de Wallace parecer real e imediato. Além disso, poucos momentos cinematográficos fazem uma declaração mais eloquente contra a guerra do que quando Gibson mostra mulheres e crianças chorando pelos mortos num campo de batalha repleto de corpos. A guerra é um bicho de duas cabeças, e ambas as faces – a gloriosa e a trágica – são retratadas aqui.

“Coração Valente” oferece uma experiência emocionante e, às vezes, comovente, que faz com que os espectadores sejam apanhados por uma admiração inigualável. Hoje em dia, heróis como William Wallace são tão raros quanto exibições cinematográficas dessa magnitude.

Você também pode gostar…