Os candidatos ao Oscar da categoria de Melhor Filme Estrangeiro nem sempre são filmes que agradam o grande púbico. Corpo e Alma candidato da Hungria ao Oscar 2018 é mais um exemplo complexo dessa máxima.
O filme é uma história de amor que começou em sonho, literalmente. Numa dualidade entre o dormir e o acordar, duas pessoas que não se conhecem muito bem têm sonhos exatamente iguais, e acabam se encontrando diariamente todas as noites nesse mundo paralelo de fantasia. Quando chega a hora de se encontrarem de verdade, a situação se mostra ainda mais complexa.
Corpo e Alma acredita na ideia de que toda pessoa ferida e inadequada socialmente está à espera de outra pessoa como ela mesma. E através dessa crença tem a vontade de aproximar ambos os protagonistas, custe o que custar. É uma tarefa árdua, mas que só o cinema nórdico conseguiria alcançar com um bom resultado.
Ambos os protagonistas parecem não saber ou não se adequar ao que é definido como o amor. Enquanto Endre já amou diversas mulheres no passado e agora evita se envolver novamente, Mária é considerada fria e arrogante por não se aproximar (e até mesmo tocar) em ninguém.
É interessante como Alexandra Borbély e Morcsányi Géza interpretam Mária e Endre, respectivamente. Os protagonistas são duas faces de uma mesma moeda e na medida em que vamos mais fundo em suas histórias começamos a nos importar cada vez mais com suas personas, por mais estranhas que elas possam parecer aos nossos olhos.
O filme pode até soar previsível, mas há algo de original em Corpo e Alma dentro de sua previsibilidade. É um filme agridoce: te deixa confortável e faz achar graça de algumas esquisitices dos seus protagonistas, mas deixa um gostinho amargo na hora em que você entende a psique deles e quão conturbada podem ser suas vidas.