A Ordem do Tempo

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“A Ordem do Tempo”: Fantasia e sensibilidade se misturam em um obra de delicadeza ímpar

Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:

  1. O filme é um drama italiano dirigido pela veterana Liliana Cavani.
  2. Liliana Cavani tem 91 anos e é considerada uma das maiores cineastas da Itália.
  3. Foi selecionado para o Festival do Rio de 2023.
  4. É baseado no livro best seller escrito porCarlo Rovelli.

Qual a história de “A Ordem do Tempo”?

O filme acompanha um grupo de amigos que se encontra todos os anos para celebrar um aniversário. Este ano, em uma vila à beira-mar, algo está diferente: eles descobrem que o mundo vai acabar em apenas algumas horas. Após a notícia bombástica, estranhamente, o tempo que lhes resta parece acelerar e, ao mesmo tempo, permanecer interminável.

O retorno de Liliana Cavani

A cineasta é considerada uma das maiores celebridades da Itália, e talvez da Europa. Quando se fala em cinema italiano, não há como não colocar não pensar em Cavani. A diretora, hoje com seus 91 anos, nos presenteia com uma obra maravilhosa que nos faz refletir: “o que você faria se o mundo estivesse prestes a acabar?”.

Não são todos que gostam de pensar na morte, mas ela é um assunto que se torna importante à medida que envelhecemos. Cavani, por passar dos 90, já deve ter tidos suas reflexões sobre esse tema. Fazer um filme sobre o fim do mundo talvez seja a forma que Cavani encontrou para refletir sobre o seu próprio fim. Quando se espera por algo que é inevitável, o tempo se dilata, e a jornada se torna cada vez mais longa. Essa é a premissa de A Ordem do Tempo.

“Se uma mulher faz um filme e erra, é difícil que tenha outra chance.”

Liliana Cavani é de uma geração de diretores que teve seu expoente nos anos 70, junto com outros grandes mestres do cinema como Pier Paolo Pasolini, que eu particularmente considero um dos meus cineastas favoritos. Nessa época era incomum encontrar mulheres diretoras. O audiovisual ainda era um ambiente bastante masculino, e não muito receptivo a tentativas.

Era um mundo bem diferente. Hoje o número de mulheres que são diretoras de cinema aumentou bastante. Em uma de suas entrevistas, Liliane chegou a dizer o seguinte: “Se uma mulher faz um filme e erra, é difícil que tenha outra chance, mas agora o clima parece ter mudado um pouco, as cineastas são cada vez mais numerosas.”

Cavani enfrentou preconceitos e conquistou seu espaço por conta do seu talento, que continua impressionando. Para relembrar, a cineasta ficou mundialmente famosa através do seu longa “O Porteiro da Noite” de 74, que narra a relação sadomasoquista de um ex-oficial nazista com uma de suas prisioneiras.

Nos anos 1970 o cinema italiano produziu obras polemicas que causaram manifestações agressivas, visto que a Itália é um país ultracatólico. Cavani sobreviveu às críticas, e continuou produzindo com grande sucesso, pois sempre teve um olhar livre de estereótipos. A diretora gosta de flertar com o desconfortável e com a morte, e esses temas estão presentes mais uma vez em A Ordem do Tempo.

“A Ordem do Tempo” possui uma direção segura e fluida

A beleza da fotografia em um cenário paradisíaco contrasta com o drama de fim do mundo. Não é o que esperamos quando pensamos em uma tragédia capaz de extinguir a todos. E talvez por isso A Ordem do Tempo é capaz de impressionar. Os atores parecem que foram escolhidos a dedo, porque a interpretação é o ponto alto do longa. Por se tratar de uma narrativa mais intimista, era de se esperar que Cavani preparasse bem o elenco para o filme. A direção é segura e o roteiro é maduro, mesmo sendo baseado em um livro. Não há como errar. E Cavani não errou!

Vale a pena ver?

O filme pode trazer gatilhos para algumas pessoas, já que nem todos lidam com a morte com facilidade. Independentemente disso, devo dizer que é uma experiência única assistir a mais um filme de Liliana Cavani. O longa é de uma beleza incrível e de sensibilidade ímpar. Os diálogos dos personagens nos fazem refletir e nos questionar sobre a vida. Assistam! Vale muito a pena.

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