Cowboys & Aliens

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“Cowboys & Aliens” é a prova de que não devemos esperar o melhor de um time de estrelas

Com um grande trio de roteiristas e um grande elenco, “Cowboys & Aliens” é a prova de que não devemos esperar o melhor de um time de estrelas.

Alex Kurtzman (“Star Trek”), Roberto Orci (“Watchmen”) e Damon Lindelof (“Lost”), sob a supervisão de ninguém menos que Steven Spielberg, reuniram-se para elaborar um desafiador roteiro west sci-fi, mistura de gêneros a priori bizarra (espaçonaves e bandoleiros de fato não compartilham o mesmo espaço no nosso imaginário), e foram mal sucedidos. Talvez por não terem feito a adaptação da graphic novel de Scott Mitchell Rosenberg, mas apenas terem se valido da premissa original para reunir clichês hollywoodianos numa história pouco empolgante.

Jake Lonergan (Daniel Craig, ou 007 no século XIX) acorda no meio do deserto, com um corte no abdômen, um estranho bracelete hi-tech (que se revelará uma potente arma alienígena) preso ao pulso esquerdo e sem memória. Depois de um pequeno contratempo (rapidamente resolvido por suas invejáveis habilidades em tiro e luta, que fazem pensar que o filme vai valer a pena), ele se encaminha com um cachorro fiel (claro) para o vilarejo mais próximo. Lá, é socorrido pelo pastor (Clancy Brown), conhece uma mulher misteriosa que diz conhecer seu passado, Ella (Olivia Wilde, que entende “presença” por olhos arregalados), e envolve-se numa briga entre o filho do coronel, Percy (Paul Dano) e o indignado, mas covarde, proprietário do salloon, Doc (Sam Rockwell, cujo histórico e atuação não convincente nos fazem pensar que a qualquer momento vai se revelar um psicopata-chave na trama). Jake e Percy são então presos pelo xerife John Taggart (Keith Carradine) e é aí que Jake descobre que é um procurado da polícia. Quando o barão do gado, Coronel Dolarhyde (Harrison Ford, em plena forma), chega à cidade para tirar o filho da cadeia, aquela é atacada por naves espaciais, que sequestram pessoas (numa sequência que nos remete facilmente a Super 8, também produzido por Spielberg) e deixam para trás chamas e destruição. Acometidos pelo mesmo mal, mocinhos e vilões juntam forças contra os invasores. E assim, acrescentando a figura da criança – o neto do xerife, Emmet (Noah Inger) – e índios Apaches, os elementos do faroeste são todos apresentados.

Do faroeste, porém não da ficção científica, que nessa união fica em segundo plano e tem o potencial pouco explorado, uma das razões pelas quais sua inserção no contexto gera constante estranhamento. Dos “aliens” tudo que sabemos é que são hostis, gosmentos e vieram a Terra atrás de ouro, metal também raro e valioso em seu planeta de origem. Rosenberg intencionou fazer uma analogia entre a invasão alienígena e a invasão da América pelo homem branco, com uma história – pelo que encontrei, já que não li os quadrinhos – irônica e crítica, que definitivamente não é a das telas.

Em suma, o west se superpõe ao sci-fi e o enredo é frágil. Somando-se a isso a não verossimilhança intrínseca, o espectador não é arrebatado: o filme é sem graça e não tememos o “inimigo”.

Entretanto, algo se salva da obra de Jon Favreau. A direção de arte e a fotografia. Só a manipulação da cor em algumas cenas que é… questionável.

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