Godzilla Minus One

Esqueça as produções de Hollywood! Este não é o Godzilla bonzinho e esportista dos filmes americanos. Além do mais, este não é apenas um filme sobre Godzilla. A produção é um retorno às origens do personagem, que foi criado no Japão pós-guerra para refletir sobre as consequências da bomba atômica.

Godzilla Minus One é o primeiro filme da franquia japonesa em sete anos e marca o retorno da marca Godzila à Toho, produtora japonesa que lançou o primeiro filme em 1954. O longa tem direção e roteiro de Takashi Yamazaki (Lupin III: O Primeiro) e não é uma continuação de Godzilla Shin, lançado em 2016.

Com o fim da II Guerra Mundial, o Japão se encontra econômica e socialmente devastado. Não há comida, dinheiro, emprego. Assim conhecemos Koichi (Ryunosuke Kamiki), um piloto de avião kamikaze da marinha japonesa que não consegue cumprir sua missão e acaba pousando o avião em uma ilha, para onde são enviados mecânicos para tentar consertar o suposto problema do avião de Koichi. Porém, no meio de desavenças ideológicas, uma ameaça maior surge na calada da noite: Godzilla, a quem os moradores da ilha chamam de Gojira. Após sobreviver ao ataque da criatura, Koichi retorna a uma Tóquio esfomeada e sem esperanças. Neste cenário desalentador, ele conhece a intrigante Noriko (Minami Hamabe), que carrega um bebê que não é dela e aparenta precisar de ajuda. Dessa reunião improvável, um se apoiará no outro para sobreviver nos dias sombrios, porém, um assunto não resolvido do passado de Koichi o impede de seguir adiante, e as lembranças da criatura destruidora rondam seu sono todas as noites.

Godzilla Minus One é, de fato, a obra-prima da franquia do rei dos monstros. O filme consegue entregar tudo o que os fãs esperam de um filme de Godzilla, com excelentes efeitos especiais, uma história envolvente, personagens carismáticos e um Godzilla raiz que resgata a essência da história e lembra muito o clássico de 1954, pois é quase um remake do original com toda a tecnologia usada a favor, apesar de alguns pequenos e quase insignificantes erros de CGI. As placas dorsais assimétricas do monstro estão perfeitas e a respiração atômica é a mais linda e poderosa de todos os filmes.

A entrada de Godzilla em cena é espetacular. O monstro é mostrado em toda a sua grandeza e poder, causando destruição e caos por onde passa. Os fãs certamente irão delirar com essa cena. A metáfora do monstro como uma ameaça externa que vem do mar para destruir o Japão é interessante e atual e o filme pode ser visto como uma reflexão sobre os perigos do nacionalismo e do militarismo. O rugido de Godzilla, o ruído das embarcações e aeronaves de guerra e a trilha sonora contribuem para criar um clima de constante tensão.

Com um orçamento de apenas 15 milhões, o filme é bem-sucedido em combinar drama e ação, tanto que a melhor cena do filme nem tem Godzilla. O protagonista, Shikishima, é um soldado traumatizado pela guerra que precisa lidar com a culpa por ter sobrevivido e com a dificuldade de reconstruir sua vida, um personagem complexo e cativante.

No geral, é um filme fantástico que recupera o espírito original do icônico monstro e tem personagens bem desenvolvidos, tanto que você realmente se importa e torce por eles. A história é bem construída e envolvente, pois o longa consegue equilibrar a ação, o suspense e o drama de forma eficaz e os plot twists do filme são muito interessantes. Algumas cenas até parecem tiradas de um mangá japonês.

Godzilla Minus One é excelente e vai agradar tanto os fãs antigos quanto os novos. Certamente ficará na memória por muito tempo e é imperdível para os fãs do gênero e também para quem quer conhecer um dos maiores ícones da cultura pop japonesa.

Um colossal “middle finger” para Hollywood.

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