De Pai para Filho

Onde assistir
"De Pai Para Filho": Um retrato caótico de Rreconciliação e heranças emocionais

O longa brasileiro De Pai para Filho, dirigido por Paulo Halm, conta a história de José (Juan Paiva) que deixa sua cidadezinha e vem para o Rio após saber da morte de seu pai. Ao chegar, descobre que Machado (Marcelo Ricca), ex-líder da famosa banda de rock Capa Preta, já foi cremado e deixou uma urna com suas cinzas e agora José precisa descobrir qual era o local preferido do seu pai para lança-las.

José teve pouco contato com o pai, e, depois da morte deste, recebe um apartamento de herança com tudo dentro, inclusive um piano valioso, que é quase um personagem do filme.

Por ter sido criado apenas pela mãe, sem contato com o pai, José se recusa a aceitar o apartamento, mas o advogado explica que recusar uma herança é muito trabalhoso, e sugere que venda o imóvel e doe o dinheiro para uma instituição. Enquanto procura um comprador, o protagonista passa a morar no apartamento. Enquanto está no imóvel recebe a visita do pai morto. Ao mesmo tempo, a vizinha, uma jovem viúva, tenta refazer sua vida e se aproxima dele, assim como sua filha pré-adolescente. Enquanto isso, o filme busca um sentido de reconciliação, com um toque fantástico nas visitas que José recebe do pai.

A maior parte dos takes ocorre dentro do velho e escuro apartamento, um lugar que após a morte de Machado, certamente, adquiriu uma aura mística. No cinema e na vida real, para os que creem, a morte nunca foi um impedimento para nada.

Os 123 minutos de De Pai Para Filho não são exatamente o único problema do filme, mas um indício do caos que é o longa dirigido por Paulo Halm. Não há a menor justificativa para essa duração, e acaba jogando contra, pois as cenas se prolongam, as tramas se esticam até perder o rumo. Uma montagem mais enxuta trabalharia mais a favor do longa.

Depois de abrir o filme com a sua tentativa de suicídio frustrada pela ironia do destino que o leva à morte por acidente, o músico Machado (Marco Ricca) aparece pontualmente para ensinar o filho José sobre coisas básicas. Idealmente, o fantasma está tentando cumprir uma função paterna que o homem vivo renegou. No entanto, Paulo Halm não dá tanta atenção para essa reconexão que enfrenta resistência por parte do rapaz ainda machucado. Desse jeito, as aparições de Machado e mesmo os toques que ele dá a José viram oportunidades (repetitivas) para o protagonista extravasar o seu desapontamento. Não mais que isso. Os assuntos vão ficando sem relevância.

Destaque para a trilha sonora diegética, atribuída à fictícia banda Capa Preta, composta por Felipe Rodarte em parceria com o próprio diretor.

Apesar do título, o filme também quer falar de mãe e filha, e essa relação se dá com a personagem de Mia Mello, Dina, e Kat (Valentina Vieira, a melhor atuação no filme), pré-adolescente que foi aluna de piano de Machado e vive um momento delicado com a mãe, que ficou viúva há pouco tempo.

É um filme repleto de boas intenções, disposto a discutir assuntos como racismo, alienação paternal, liberdade feminina, homofobia e muitas outras coisas. No entanto, esse é o problema, quer falar de coisas demais e cai na vala comum de não falar de nada.

Em suma, a principal herança de Machado para José foi o exemplo do que não deve ser feito quando você é pai.

Você também pode gostar...