O Dia do Sim é um dia estabelecido pela família, onde os pais só podem dizer sim para os pedidos mais absurdos dos seus filhos, com algumas ressalvas como não estar permitido nada ilegal ou coisa do tipo, do resto, tudo está liberado. Baseado no livro de Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld, dirigido por Miguel Arteta e produzido pela própria Jennifer Garner, o novo filme da Netflix, Dia do Sim, é uma grata surpresa no catálogo do serviço de streaming.
Se tem um trabalho que nunca tem folga, esse é o de ser mãe e pai. Dizer “não” faz parte de 90% dos dias e essa tarefa pode ser exaustiva. Essa é a dinâmica do casal Allison e Carlos, interpretados por Jennifer Garner e Edgar Ramírez, que tem suas vidas totalmente absorvidas pelos 3 filhos, Katie (Jenna Ortega, mais conhecida pela 2ª temporada de You), Ellie e Nando. Na verdade, Allison não trabalha por conta das crianças, mas está em busca de um emprego e Carlos é um gestor de uma empresa de tecnologia com vibes de startup e é obrigado a ser o cara chato que diz “não” para tudo. Mesmo com essa premissa que pode soar machista, o filme consegue tratar desse tema com naturalidade sem pesar na militância e deixa muito claro que isso foi algo que precisou acontecer e está tudo bem para o casal. Inclusive vale ressaltar o belo tratamento de texto que o personagem de Edgar Ramírez ganhou, justamente por não ser o paizão super-herói e não se sentir emasculado por dividir o espaço com outra personagem forte como Allison. Seu lugar é muito bem colocado e é ainda um alívio ver o ator tão à vontade numa comédia física como essa, que ainda adiciona sua herança latina para a trama.
O filme encontra sua força no casal principal e nas crianças que fazem um trabalho excelente. A entrega dos atores, que não deixam a peteca cair em nenhum momento, seguram o ritmo em alta até o final, claro que com a ajuda da ótima direção que esbanja cenas elaboradas e divertidas de uma maneira natural e hilária. Outro ponto, é a fuga dos clichês. Dia do Sim, tem algumas reviravoltas esperadas, mas o esforço para escapar disso é nítido e o longa consegue surpreender ao mudar algumas entregas e soluções que melhoram muito a qualidade do produto final. Sem contar a entrada inesperada de Arturo Castro como o policial Jones, que rouba a cena a partir do meio do filme.
Dia do Sim, é uma celebração às histórias de família, com brincadeiras e desafios realmente divertidos, que superam seus obstáculos juntos e aprendem aquelas velhas lições no final, mas mesmo assim é muito revigorante ver um filme de comédia como esse ser tão bem executado do começo ao fim, que até dá vontade de repetir o play.
