Guerras civis, governos ditatoriais e desastres naturais vêm causando que populações em massa fujam de seus paÃses de origem há muitas gerações. PaÃses como os Estados Unidos se formaram devido à s perseguições religiosas que estavam ocorrendo na época na Europa, e até mesmo Israel foi fundada por um povo que sofreu perseguição por anos. E o fato de o povo judeu saber na pele o que é ser refugiado ajuda a deixar o documentário Entre Cercas, de Avi Mograbi, ainda mais complicado de entender e aceitar.
O filme se passa em um centro de detenção para imigrantes ilegais, no deserto de Negev, no sul de Israel (próximo à fronteira com o Egito). Ali, o cineasta Avi Mograbi e o diretor de teatro Chen Alon trabalham técnicas do teatro com diversos refugiados africanos, principalmente da Eritreia e do Sudão, que estão sem documentos e não são aceitos em Israel, mas também não podem ir para outros lugares, como o vizinho Egito. A única oferta que o paÃs faz é enviá-los de volta a seus paÃses de origem, o que, com guerras, massacres e outros problemas, eles não podem aceitar.
O documentário mostra as interações entre refugiados e a equipe que está fazendo o filme, e depois ainda acrescenta israelenses convidados para fazer parte dos exercÃcios de atuação. Sem perder o bom humor, os refugiados falam de suas experiências com guerras, perseguições, famÃlias separadas, trabalho, planos para um futuro muito incerto. E a interação entre esses diferentes grupos parece muito positiva para todos, que invertem papéis e conseguem se sentir um pouco mais na pele do outro.
E um dos temas recorrentes no Olhar de Cinema volta à telona novamente: a mistura entre realidade e ficção no documentário, pois o filme mostra refugiados falando de suas experiências enquanto preparam um teatro, com falas escritas e ensaiadas. De novo temos as linhas do que é verdade e do que é inventado borradas em mais um filme do festival.
Nota:
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