Entre Montanhas

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"Entre Montanhas": O abismo da expectativa

Entre Montanhas começa como um thriller instigante, repleto de mistério e tensão. A relação entre Drasa (Anya Taylor-Joy) e Levi (Miles Teller), dois agentes encarregados de vigiar um desfiladeiro, se desenvolve de forma envolvente, equilibrando o suspense com uma dinâmica curiosamente romântica. No entanto, à medida que o filme avança, ele perde sua força inicial, trocando o clima de mistério por uma ação genérica e previsível.

Nos primeiros momentos, a ambientação e o isolamento dos protagonistas são bem trabalhados. O fato de estarem confinados em torres opostas, sem poder interagir diretamente, cria uma tensão sutil, ampliada pelo uso de mensagens escritas e olhares furtivos através de binóculos. A dúvida sobre o que realmente habita a fenda rochosa sustenta um clima de suspense eficiente, e a direção de Scott Derrickson conduz esse mistério com habilidade.

Levi, um ex-atirador de elite, e Drasa, uma especialista em combate da Lituânia, são apresentados como soldados experientes, mas a interação entre eles vai além da relação profissional. O interesse mútuo surge aos poucos, em um jogo silencioso de observação e curiosidade. Essa construção cuidadosa torna sua conexão crível, preparando o terreno para um encontro inevitável – e arriscado – que mudará a trajetória dos dois.

O grande problema de Entre Montanhas surge na segunda metade, quando o suspense dá lugar a um espetáculo visual previsível. As criaturas, inicialmente mantidas nas sombras, se tornam o foco das cenas de ação, mas quanto mais aparecem, menos impressionantes se tornam. Há um claro esforço para criar um terror de ficção científica inspirado em Alien, mas sem a mesma criatividade ou impacto.

Scott Derrickson, conhecido por misturar horror e ação, mostra domínio nos momentos de tensão, mas o filme perde identidade ao abraçar um terceiro ato que poderia ser retirado de qualquer produção de monstros genérica. A personagem interpretada por Sigourney Weaver parece uma tentativa de homenagear seu legado na franquia Alien, mas acaba reforçando a sensação de que a história se apoia demais em referências já conhecidas.

Miles Teller e Anya Taylor-Joy fazem o possível para sustentar o filme, entregando performances sólidas que elevam seus personagens além do roteiro limitado. A química entre eles é um dos pontos altos, e suas interações mantêm o público investido, pelo menos enquanto a trama se concentra na construção de sua relação. No entanto, quando os efeitos especiais tomam conta, os protagonistas perdem espaço, e o envolvimento emocional se esvazia.

No fim, Entre Montanhas é um filme que começa com grande potencial, mas se entrega ao convencional. O mistério inicial é fascinante, a atmosfera isolada funciona, e a interação entre os personagens é envolvente. Mas, ao optar por uma ação exagerada e revelações pouco inspiradas, o filme desperdiça sua melhor arma: a tensão do desconhecido.

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