Fernanda Young – Foge-me ao Controle

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"Foge-me ao controle" respeita o ímpeto artístico de Fernanda Young e desenha um retrato para a posteridade.

Difícil associar a palavra “controle” com a performance da roteirista e escritora carioca Fernanda Young, que faleceu em 2019, sem nem completar 50 anos de vida. A diretora Susanna Lira, conhecida por documentários, como A Torre das Donzelas (2018), opta pelo documentário-ensaio poético para montar as milhares de horas de voz e imagem que Young deixou. O controle fica por conta da montagem que tem que decidir os contornos fugidios da vida da apresentadora em um pouco mais de uma hora e meia.

Em Foge-me ao controle Young está plena em todas as suas personagens: roteirista, mãe, escritora, poeta, esposa, formadora de opinião etc. A voz potente e debochada dela nos conduz pela suas facetas que mudavam tanto quanto o seu cabelo. Porém, há alguma coisa muito particular nela que atravessa o tempo que habitou a TV brasileira, como roteirista e apresentadora de TV, com outras figuras que também não estão mais entre nós, como Rita Lee, por exemplo. Nesse documentário ouvimos e vemos Fernanda desde muito jovem querendo fazer as coisas que amava. Podemos perceber o que atravessa dela em seus roteiros como os da série Os Normais, em que  a personagem Vani (Fernanda Torres) é praticamente um alter ego, com pitadas de fabulação, da própria Young.

Susanna Lira apenas orquestra (o que é muito) o legado deixado por Fernanda Young Foge-me ao controle como uma figura fora do padrão hegemônico brasileiro de mulheres na mídia, ao mesmo tempo que conhecemos também uma mulher amorosa, com um casamento longo, apaixonada pelos filhos e plena com suas limitações como a dislexia que a acompanhava desde criança. No mais, a diretora conduz bem esse vozerio de Fernanda Young, respeitando o seu ímpeto artístico e desenhando um retrato para a posteridade.

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