“Após se despedir de sua amada em uma peculiar estação de trem, Romeu embarca em uma viagem que o leva até uma cidade ainda mais estranha”.
Com direção de Eder Santos e Thiago Villas Boas, e co escrito por Eder Santos e Mônica Cerqueira, Girassol Vermelho é um longa metragem inspirado na obra Casa do Girassol Vermelho, do escritor brasileiro Murilo Rubião, que em tom às vezes surrealista, as vezes de realismo fantástico, busca abordar temas como liberdade e opressão, identidade, comodismo e expressão, em uma constante mescla de delírio e realidade.
Uma produção interessante, que busca ir além do óbvio e da mesmice, trazendo até a tela, uma experiência teatral e poética, e para além disso, fazendo uso de elementos encontrados em filmes dos anos 1960 aos 1980. O tempo todo o personagem principal parece estar em uma “Egotrip” vertiginosa, em uma espécie de “purgatório da mente”, com recursos visuais que saltam aos olhos, em uma distopia ou realidade pós-apocalíptica, utilizando aparentemente influências que vão desde de Philip K. Dick, Stanley Kubrick à David Lynch, em uma literatura em imagens que lembra, além de George Orwell, um pouco de A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Tendo isso tudo estabelecido, os principais pontos positivos de Girassol Vermelho são os que envolvem a direção de Arte assim como a direção cinematográfica. Devido aos cenários, efeitos visuais, takes e cenas mais teatrais, e como esses elementos todos foram aproveitados e conduzidos, proporcionando um ambiente de sonho febril, de ilusão e delírio.
Porém ao mesmo tempo, as características negativas também são evidentes, como alguns cortes abruptos, diálogos fracos, e principalmente de roteiro, que mal conta uma história de fato. Talvez o filme tente estabelecer uma mensagem, mas, ao meu ver, ele falha dentro de sua prepotência e arrogância em querer ser demasiadamente “surreal” e subversivo, e em não estabelecer uma linha lógica para interpretação, deixando tudo muito subjetivo. Em “última análise” o filme se torna uma vítima de si mesmo. E esse é o ponto negativo fundamental do longa, que de tão abstrato, ficou vazio e superficial – ainda que tenha se esforçado para ser profundo e disruptivo.
Por esses motivos, o Girassol Vermelho fica com uma nota 2 de 5.