O esporte sempre foi um terreno fértil para narrativas sobre superação, e Imparável entrega exatamente isso: um conto inspirador sobre o lutador Anthony Robles, interpretado com intensidade por Jharrel Jerome. Nascido sem a perna direita, Anthony não apenas venceu no tatame, mas também em uma vida cheia de desafios pessoais. O filme, dirigido por William Goldenberg, aposta em clichês conhecidos do gênero, mas encontra força na sinceridade de sua execução e nas performances de seus protagonistas.
A jornada de Anthony é apresentada com todas as marcas tradicionais de um drama esportivo. Desde os treinos exaustivos até os confrontos decisivos, passando por momentos de dúvida e confronto interno, o filme não esconde sua intenção de emocionar o público. Jerome brilha ao dar vida a Robles, trazendo uma fisicalidade impressionante e uma profundidade emocional que ancoram a narrativa. A ausência de exploração sobre a origem de sua deficiência reforça a ideia de que o foco aqui é sua determinação, não sua limitação.
Jennifer Lopez, como Judy, mãe de Anthony, entrega uma de suas melhores atuações recentes. O amor incondicional de Judy pelo filho é o coração do filme, e Lopez interpreta a personagem com uma autenticidade que transcende os limites do roteiro. Mesmo quando o filme desvia para subtramas menos relevantes, como o arco paralelo da personagem lidando com pobreza e abuso doméstico, a atriz mantém a história conectada à sua essência humana.
A dinâmica entre Anthony e seu padrasto Rick (Bobby Cannavale) adiciona uma camada de tensão à história, destacando a luta do protagonista não apenas contra adversários no tatame, mas também contra a toxicidade presente em sua vida pessoal. Esse conflito espelha o tema central do filme: a força necessária para superar não apenas obstáculos físicos, mas também emocionais.
Embora previsível em muitos aspectos, Imparável encontra autenticidade na forma como retrata a luta greco-romana. As cenas de treino e competição são executadas com uma atenção aos detalhes que tornam cada confronto crível e envolvente. A frase do treinador de Anthony, vivido por Don Cheadle, “seu maior oponente nunca estará de pé no tatame à sua frente”, demonstra perfeitamente o espírito do filme: a verdadeira batalha é interna.
O que realmente faz Imparável funcionar é sua habilidade de rejuvenescer fórmulas conhecidas com performances apaixonadas e direção competente. William Goldenberg, em sua estreia como diretor, opta por uma abordagem segura, mas entrega uma narrativa sólida que equilibra emoção e intensidade. As escolhas visuais e a trilha sonora também ajudam a elevar a experiência, criando momentos genuinamente emocionantes.
No fim, Imparável não pretende reinventar o gênero, mas presta uma homenagem digna a Anthony Robles, um verdadeiro herói que transcendeu limites. É um filme que celebra não apenas vitórias esportivas, mas também a resiliência humana, lembrando-nos que, assim como no esporte, na vida também somos capazes de superar o que parece impossível.