Uma das formas de se atenuar (jamais esquecer) os efeitos que guerras têm sobre as pessoas, é mostrar o que aconteceu com aqueles que sobreviveram. O que eles fizeram depois de ver e passar por situações tão extremas e atrozes? É isso que Josep, o drama de animação do My French Film Festival, traz para nós este ano.
Para fugir do regime de Franco na Espanha, Josep vai para a França, porém o país está na iminência de se juntar à 2ª Guerra Mundial, e por isso constrói campos de concentração para conter refugiados como ele. Lá, em meio a tantas dificuldades e violência, ele faz amizade com Serge, um guarda diferente dos outros. É essa amizade, que vai ajudá-los a suportar o cenário ao seu redor.
A delicadeza do filme quase nos faz esquecer sobre o que ele trata. Às vezes parece que por ser uma animação, as cenas ficam mais suaves, até as mais impactantes, mas não é o caso. Seja pelos olhos de Josep ou de Serge, o peso do conflito está em cada quadro.
Além desse detalhe e da história em si, outro aspecto que chama muita atenção é o ritmo do longa e o modo como os personagens se movimentam. Em algumas passagens, como logo no início por exemplo, o filme é mais lento e em outros acelera um pouco, mas apenas o suficiente para caracterizar a cena. Isso não deixa escapatória para o espectador, assim como a guerra, de nada adiantará fechar os olhos para os instantes mais difíceis, pois eles demoram a passar.