Looking: O Filme

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Looking, uma das séries mais arriscadas da HBO, foi ao ar em 2014 com um objetivo muito claro: desmistificar, entender e retratar pessoas e suas relações do universo LGBT. Logo no iní­cio, vimos como as inseguranças de Patrick (Jonathan Groff) afetavam sua percepção do que era ideal em um relacionamento, e isso atrapalhava sua evolução. Com um jeito mais discreto e medroso, o personagem pôde atingir um nível excelente de discussão fora das telas, assim como seus melhores amigos Agustí­n (Frankie J. Alvarez) e Dom (Murray Bartlett), outros dois estereótipos encontrados facilmente num grupo de amigos que também lidam com suas particularidades. O primeiro pela promiscuidade e o outro por não se sentir confortável sendo mais velho.


Todas essas questões, atingiram apenas um nicho de expectadores e por isso a série acabou sendo cancelada, mas não por falta de qualidade. Após duas temporadas na TV, a história de Looking criada por Michael Lannan, se encerra com um telefilme especial para a HBO que continua a mesma estética minimalista e carrega mais a mão no roteiro. Levando em conta a lei que entrou em vigor em 2015 nos EUA sobre a aprovação do casamento LGBT nos 50 estados, o filme usa esse momento como discussão, não polí­tica, mas pessoal. A mudança só acontece quando você está próximo dela, e o que eles sentem sobre isso ainda é muito novo, libertador e natural.


Patrick volta para São Francisco para o casamento de Agustí­n e Eddie (Daniel Franzese). Mesmo tendo fugido de todos os dramas da segunda temporada, ele agora sabe que terá que resolver questões que ficaram em sua cabeça. A presença de Richie (Raul Castillo) na turma causa um sentimento de torcida do público para que eles fiquem juntos, diferente de Kevin (Russell Tovey), que tem como função na trama encaixar as peças para Patrick tomar uma decisão e entender seus medos e inseguranças sobre o que ele quer ser e com quem ele quer ser junto.


O filme fala muito sobre a vida adulta e a evolução dos personagens na carreira, de como é aceitar as responsabilidades e se adequar aquilo que quer e buscar sem ter medo dos próprios sentimentos. Cada diálogo levanta dúvidas sobre como seguir a vida em frente e como seria o futuro deles se tudo que eles passaram tivesse sido diferente. Se os pais tivessem aceitado ou se eles tivessem mais abertura para ser o que são desde cedo e também torcem para que no futuro tudo isso não precise ser tão isolado e custoso. Os layers sobre homossexualidade e comportamento também ficaram em evidência, questionando o quão afeminado um cara gay deve ser e se isso é errado ou não.


Ainda que o roteiro seja construído para ser um reflexo idêntico do que se vive no mundo real e produz o conteúdo com seriedade, há momentos que cabem um romance manjado dignos de um bom filme vespertino que faz nossa reação ser mais emotiva e positiva para que a história termine em alta. Looking: O Filme lida com recomeços e decisões de maneira mais otimista e menos dura quanto da série. Talvez quem não faça parte desse mundo divertido de incertezas, não aprecie a história do jeito que ela merece, por ser contada com tanta verdade, mas para quem vive ou viveu situações parecidas, vai se identificar e sentir que está sendo visto e representado. A luta não terminou e a narrativa continua viva para quem quer se sentir parte de algo válido

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