Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1

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"Missão: Impossível - Acerto de Contas: Parte Um": a velocidade incansável de Ethan Hunt

Mais cedo ou mais tarde, Ethan Hunt enfrentará uma missão que realmente não deveria aceitar. Mas, por enquanto, ele continua sendo o único homem na Terra disposto a tentar o impossível sem questionar os motivos daqueles que requerem seus serviços. Esse é o mote do cabeça da franquia, Tom Cruise, que carrega a série de bilhões “Missão: Impossível” por 27 anos sem perder força. Compare com “Indiana Jones”, que falhou em se conectar com uma geração mais jovem, ou os filmes “Velozes e Furiosos”, que não estão ficando sem gasolina, mas não são nem uma sombra do gênero que já foram quando no início da série.

“Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte Um” encontra Cruise, agora na casa dos 60 anos, ainda correndo de um lado para o outro como se sua vida – e a vida de todos os 8 bilhões de pessoas no planeta — dependesse disso. Este é o sétimo lançamento de grande sucesso do personagem, com um último lançamento definido para acontecer no próximo verão e, embora não possa ofuscar o que veio antes (“Efeito Fallout” foi o ponto alto da série), o diretor Christopher McQuarrie oferece um novo filme com frescor para a franquia – e ainda assim consegue amarrar as histórias de volta à mitologia central da série.

Enquanto Hunt está ocupado sendo a figura de ação do filme, ele ainda é apoiado pelo retorno dos agentes de tecnologia Luther Stickell (Ving Rhames) e Benji Dunn (Simon Pegg), que lhe dão dicas via fone de ouvido. “Acerto de Contas” também traz de volta a atiradora de elite Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) e a traficante de armas Viúva Branca (Vanessa Kirby), alinhando um pequeno grupo de amigos e associados que a vilanesca IA pode mirar e/ou manipular. A ideia aqui é que as habilidades da Entidade (como é chamada a IA vilanesca) concluíram que a única coisa que está em seu caminho é Hunt. E qual é o ponto fraco de Hunt? Lealdade aos seus amigos. Como Hunt diz a uma recruta talentosa conhecida apenas como Grace (Hayley Atwell): “Sua vida sempre será mais importante do que a minha”.

Esse é o tipo de pensamento que Cruise incorpora tão bem: Hunt é um instrumento viajando em velocidade extremamente alta, guiado pelo instinto e por aquela bússola ética totalmente focada. Embora tenhamos acabado de conhecer Grace – é uma batedora de carteiras que não gosta de trabalhar em equipe – Hunt decide que vale a pena protegê-la. Caramba, ela poderia até ser material da IMF. Então, quando a Entidade força Hunt a escolher qual de suas amigas salvar, Ilsa ou Grace, o cara quase entra em tilt. Teoricamente, é assim que você vence um cérebro virtual: você dá a ele um problema impossível de resolver (à la o jogo da velha em “Jogos de Guerra”). No momento, a Entidade parece estar jogando xadrez, já que “Acerto de Contas” ainda não mostrou do que a IA é realmente capaz. Ela decide que uma dessas mulheres deve morrer, Hunt faz o possível para salvar ambas. Como sempre, ele tem máscaras em seu arsenal, enquanto a Entidade tem um truque bacana para fingir ser várias pessoas – um lembrete de que você nunca pode confiar em seus olhos ou ouvidos em um filme de “M:I”.

Como sempre, o enredo é apenas uma desculpa para cenários cada vez mais elaborados, executados de forma tão convincente que Cruise adquiriu a reputação de realizar todas as coisas insanas que Hunt é chamado a fazer no filme. Isso é uma prova de de que além do departamento de marketing, Cruise realmente está empenhado em superar seus feitos anteriores e, embora não falte a boa e velha magia do cinema envolvida (na edição e nos efeitos visuais), a equipe faz um ótimo trabalho em fazer “Acerto de Contas” parecer o mais real possível. Em um momento em que quase todas as outras franquias, da Marvel a “Avatar”, adotaram a aparência falsa dos desenhos animados em computação gráfica, “Missão: Impossível” parece ser a mais prática: muito do que vemos foi capturado na câmera, e isso faz toda a diferença.

Com apenas um filme restante na série, “Acerto de Contas” começa a amarrar pontas soltas, o que significa que nenhum dos personagens canônicos está seguro – nem mesmo Hunt. Combine isso com a estratégia da Entidade de atingir seus amigos, e o filme consegue humanizar a trama. No fundo, este ainda é apenas um elaborado jogo, enquanto todos perseguem a chave de duas partes e que continua mudando de mãos ao longo dos 163 minutos de duração do filme. A ação se transforma no que há de melhor que o filme pode entregar, quando Hunt encontra uma nova maneira de embarcar em um trem em alta velocidade – e uma maneira ainda menos convencional de desembarcar quando ele começa a cair de uma ponte destruída, vagão por vagão. Este passeio pode ser a metade de um final de duas partes, mas dá ao público encerramento suficiente para se manter por conta própria, e todos os motivos para esperar que a última parte venha ano que vem, como um estouro.

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