Logan, terceiro filme da saga solo de Wolverine (apesar de ser o décimo lançamento relacionado à X-Men), se passa em 2029. No filme, Logan (Hugh Jackman) ganha a vida como chofer de limusine, para cuidar do nonagenário Charles Xavier (Patrick Stewart). Debilitado fisicamente, esgotado emocionalmente, ele é procurado por Gabriela (Elizabeth Rodriguez), uma mexicana que precisa da ajuda do ex-X-Men. Ao mesmo tempo em que ele se recusa a voltar à ativa, Logan é confrontado por um mercenário, Donald Pierce (Boyd Holbrook), interessado na menina Laura Kinney / X-23, que está sob a guarda de Gabriela.
Os poderes de Logan estão sumindo. Em qualquer outro longa da série um mero embate com humanos normais não traria nenhuma dificuldade para Wolverine, mas em Logan as lâminas das garras do personagem não possuem a mesma agilidade e embora balas não o matem ele também não se recupera mais tão facilmente. Wolverine está envelhecendo? Sim, mas é pior do que isso. Depois de tantos anos, seu esqueleto “melhorado” de adamantium o está envenenando.
Com direção de James Mangold (que também dirigiu Wolverine: Imortal), Logan não tenta ser o grandiloquente final cheio de efeitos que era de se esperar da fórmula dos filmes de heróis atual. É uma espécie de distopia, quase um western moderno, que dá tempo ao tempo de uma forma que não estamos acostumados em adaptações de quadrinhos. E o ritmo do filme é justamente o elemento mais importante para que ele funcione. Cada vez que o personagem explode em violência é extremamente empolgante, porque é uma violência necessária, e também porque Mangold trabalha essas sequências muito bem.
Logan não se perde na computação gráfica, como X-Men Origens: Wolverine fez em 2009. É um drama sincero feito com uma linguagem cinematográfica que o faz parecer quase clássico instantaneamente
A melhor coisa de Logan é que ele é um daqueles filmes sobre um assassino adulto que precisa se tornar o mentor de um herói de uma nova geração, mesmo sem querer. Neste caso, uma heroína, Laura (Dafne Keen), de 11 anos, uma garotinha de ferocidade silenciosa que ficará sob a batuta (ou melhor, as garras) de Wolverine.
Keen é um achado para o filme. Ela tem um olhar tão expressivo que dá a sensação de uma espécie de consciência sobrenatural à personagem. Mas ainda assim é Jackman que segura Logan e dá alma a ele. Ele atuou com o personagem por praticamente 18 anos consecutivos e parece nada entediado com isso. Pelo contrário: ele é um ator mais refinado agora do que quando começou.
O final de Logan é genuinamente tocante, principalmente para os fãs de heróis e dos X-Men, em específico. Jackman permite que você sinta a força do personagem e sua dor, e – finalmente – a sua tão sonhada libertação.