Mundo em Caos

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Para o bem ou para o mal, "Mundo em Caos" perde a chance de virar uma franquia de ficção científica

Se você acha que os homens são irritantes em nosso mundo, espere até conhecer os homens no planeta Novo Mundo de Mundo em Caos, o aguardado lançamento com Tom Holland (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) e Daisy Ridley (Star Wars – O Despertar da Força).

Baseado na série de ficção científica de Patrick Ness – especificamente o primeiro romance, O Motivo – o filme levou quase uma década para chegar às telas depois de ser anunciado pela Lionsgate, em 2011. Dizer que as expectativas esfriaram não seria uma mentira.

O estúdio, pretendia surfar na onda do sucesso das franquias Crepúsculo e Jogos Vorazes, mas aí Mundo em Caos passou por vários roteiristas e diretores antes de iniciar a produção em 2017 com Doug Liman (Feito na América) por trás das câmeras. Refilmagens acabaram supervisionadas por Fede Alvarez (O Homem nas Trevas) porque Liman não estava disponível e depois ainda veio a pandemia e os adiamentos foram ainda maiores.

Isso é muito para se pedir de um filme, mas Mundo em Caos não é nem o desastre que podia ser, nem o empolgante primeiro capitulo de uma possível trilogia.

O ano é 2.257 DC e o Novo Mundo, 64 anos de distância do planeta natal de seus colonos, a Terra, representa uma oportunidade de colonização que deu errado. Semelhante à Terra em muitos aspectos, o planeta distópico apresenta ar respirável, água potável, florestas exuberantes e luz do dia perpétua. Infelizmente, também é o lar de uma espécie nativa indesejável, os Spacks, além de sua atmosfera ter um efeito desorientador sobre os homens, em que todos os seus pensamentos são transmitidos em voz alta para quem quiser ouvir.

O ruído, como o fenômeno é chamado assume a forma de um vapor luminoso que segue cada homem como uma espécie de Aurora Boreal personalizada. Além de expor todo e qualquer pensamento uns para os outros, ele bombardeia as demais pessoas com uma cacofonia de sons que os torna insuportáveis, para dizer o mínimo. Mulheres, não são afetadas pela situação, elas foram massacradas anos antes em uma guerra com o Spacks (diz a lenda).

Agora, o assentamento exclusivamente masculino de Prentisstown é governado pelo prefeito Prentiss, interpretado como uma ameaça silenciosa por Mads Mikkelsen (Druk – Mais uma Rodada). Prentiss tem a habilidade de controlar seu ruído com maestria semelhante à um Jedi controlando a Força, curvando seus seguidores à sua vontade com um mantra simples: “Eu sou o círculo; o círculo sou eu.”

O elenco não se sai tão mal. Holland entrega boas expressões e consegue segurar o filme. E a Viola de Ridley é forte, confiante e capaz de seduzir. Porém, dada a classificação, a tensão sexual é mantida bem branda.

Conceitualmente, o ruído é a parte mais inventiva de Mundo em Caos, uma analogia adequada para a sobrecarga de informações de nossa era. Ele captura aquela sensação de opressão, mas da mesma forma exclui a capacidade de processar outras coisas. E enquanto a equipe técnica encontra uma maneira cinematográfica adequada de mostrar o conceito em tela, a cacofonia de vozes tem um efeito prejudicial na narrativa apressada, particularmente minando os personagens e diminuindo o subtexto de qualquer sequência onde um homem estiver em cena.

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