Tantas referências históricas e contemporâneas reunidas na mesma animação, são uma fórmula quase infalível para se ver no cinema. Assim foi com o longa-metragem francês Nina – A Heroína dos Sete Mares.
Yolcos é uma cidade tranquila, que oferece tudo que seus moradores poderiam querer: paz, prosperidade e uma vida feliz. Só que esse estilo de vida é ameaçado quando um ligeiro mal entendido enfurece o deus Poseidon (Paul Borne), que promete acabar com o local se suas exigências não forem cumpridas. É quando a ratinha Nina (Kaycie Chase) parte junto com a gaivota Chickos, e (não por vontade própria), o gato Sam (Christophe Lemoine), em uma aventura para salvar a cidade antes que seja tarde demais.
O que faz essa animação ser tão incrível e divertida são elementos simples que não devem passar despercebidos. Primeiramente temos uma protagonista feminina, aventureira, destemida e corajosa, desafiando as convenções e indo em busca do que mais deseja. Em segundo lugar, temos coadjuvantes anciãos, o herói grego Jasão e seus guerreiros Argonautas, que saem da sua zona de conforto munidos de toda sua experiência e conhecimento para fazer algo pelos outros. Os Argonautas inclusive, se levantam do túmulo para não deixar Jasão sozinho.
E como se não bastasse esses personagens de peso, o filme mescla muito bem o passado com o presente. Os deuses do Olimpo são figurados em todo seu arquétipo de família cheia de disputas, orgulho e competição, com Zeus querendo sempre estar sob os holofotes. Os outros deus são vistos hora seguindo sua liderança, hora disputando o primeiro plano, sendo que quem sofre nessa confusão são os humanos. Contudo, a dinâmica deles é bem moderna, tanto na linguagem que usam, quanto nos gestos. Zeus chega a fazer o movimento de pinça com os dedos para ampliar a visão que tem no plano terreno, algo que somente alguém que já teve um celular poderia entender.
Além desses pontos, as eternas mensagens sobre amizade, perdão, companheirismo, lealdade, e tantas outras, estão presentes de forma extremamente singela. Em um determinado momento em que os Argonautas estão livres enquanto Jasão ainda está preso, eles se recusam a deixá-lo, o que no contexto do filme, é bem emocionante, e ainda trás uma pontinha de representatividade (quando você assistir, vai entender!). Ainda falando um pouco sobre grandes cenas, há um momento em que o núcleo animal interage diretamente com o núcleo humano do filme, quebrando uma barreira que nem sabíamos que não estava lá, e isso sem precisar normalizar a fala dos bichos.
Assista Nina – A Heroína dos Sete Mares para se emocionar e divertir com a história e diversas referências cinematográficas disfarçadas na trama!