Nostalgia

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"Nostalgia": uma jornada emocional nas ruas de Nápoles

O filme Nostalgia é uma adaptação do romance homônimo do escritor napolitano Ermanno Rea, o que se alinha com a origem do diretor, também napolitano. A história gira em torno de Felice Lasco, interpretado brilhantemente por Pierfranceso Favino, que, após quatro décadas vivendo em outro país, retorna à sua cidade natal. O que inicialmente parecia uma visita obrigatória acabou se transformando em uma jornada pessoal de redescoberta e acerto de contas com seu passado.

Felice, que por muitos anos evitou voltar, sente-se inexplicavelmente atraído a revisitar os locais que costumava frequentar na juventude. O filme nos leva a Rione Sanità, o bairro mais populoso do centro de Nápoles, onde Felice mergulha em suas memórias e confronta suas escolhas passadas.

O filme aborda dois labirintos interligados: o interior do protagonista e as sinuosas ruelas de Sanità. O diretor, Mario Martone, ficou fascinado pela oportunidade de contar uma história inteira em um bairro napolitano com características humanas e geográficas únicas.

Felice é um homem em conflito, dividido entre suas obrigações no Cairo e o chamado do passado. Inicialmente, sua viagem tinha como objetivo principal reencontrar sua mãe idosa e debilitada. No entanto, ele é atormentado por lembranças de sua juventude e um profundo desejo de reconciliação com sua história, o que o leva a adiar sua partida.

O filme também nos apresenta a Orestes Spasiano, interpretado por Tommaso Ragno, um antigo amigo de Felice com quem ele compartilhou travessuras na adolescência. Orestes, agora um poderoso líder do tráfico de drogas e prostituição em Sanità, é temido por todos e mantém distância de Felice. Essa relação complexa é agravada pelo fato de Orestes ser o inimigo declarado do padre Don Luigi Rega, inspirado em Don Antonio Loffredo, líder religioso da Basílica de Santa Maria alla Sanità. O conflito de lealdades e a busca de Felice por redenção dão um toque fascinante à trama.

Lasco percorre os endereços e as ruas da infância, hoje marcadas pela violência e pobreza, alimentando a esperança de uma reconciliação com suas memórias. Há um momento no filme em que o realismo social é quebrado pela emoção: Felice decide tocar na mãe, banhá-la e, assim, de certa forma, recuperar a terrível distância que há entre eles. A sequência está no livro de Rea, e Martone a reconstrói com a ajuda da atriz Aurora Quattrocchi, que interpreta Teresa, a mãe do personagem, de forma esplêndida.

Embora tenha sido selecionado da Itália, o filme não foi indicado ao Oscar em 2023. Nostalgia é uma obra cinematográfica notável. O elenco é formidável, a direção segura e o trabalho e câmara habilidoso. Nostalgia prova ser um filme surpreendentemente envolvente.

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