O Fantasma da Sicília

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Uma Itália nada brilhante em “O Fantasma da Sicília”

Os diretores Fabio Grassadonia e Antonio Piazza, que há três anos fizeram um sucesso no Brasil com sua estreia Salve, voltam com outra história dos anos 90 sobre a obscura província italiana do título. O filme fala sobre um primeiro amor que é tão terno quanto são cruelmente desumanos os obstáculos que se opuseram a ele.

Em uma cena pitoresca na tradicional vila italiana, a garota Luna (Julia Jedikowska), de 13 anos, é apaixonada por seu belo colega de classe Giuseppe (Gaetano Fernandez), um menino de uma família rica do lugarejo. Ela escreve uma carta de amor e o encontra durante uma caminhada na floresta para entregar a mensagem. Juntos eles escapam de um enorme cão feroz, e depois Giuseppe conduz Luna de volta para casa na moto do pai.

A mãe de Luna (Sabine Timoteo), uma espécie de Fuhrer doméstico nascido na Suíça, está desesperadamente desapontada com seu casamento precoce e ordena que Luna se concentre nos estudos e pare de andar com Giuseppe. Seu pai, um notório ex-membro da máfia, no momento está sob custódia policial.

Durante outro encontro, Giuseppe desaparece levado por um carro da polícia. Descobre-se que os policiais também eram associados da máfia e são enviados para sequestrar e esconder o menino para chantagear seu pai, obrigando-o a deixar de colaborar com uma investigação.

A narração se baseia em uma história real datada de 1993, quando o menino de 13 anos, Giuseppe Di Matteo, foi sequestrado por um grupo organizado da máfia que esperava usar o crime para influenciar no julgamento de seus membros.

Nas melhores tradições da sociedade siciliana, todos em torno de Luna preferem se fazer de bobos, se fingindo de cegos ao desaparecimento de Giuseppe. Ela une forças com sua amiga e inicia uma campanha de buscas, apesar da oposição dos seus pais, da escola e toda a indiferença italiana.

A história é contada de forma não-linear, intercalada pelos delírios vindos da forte conexão intuitiva entre eles, entre sensações de sofrimento e perda, e é adornado pela atmosfera mágica das paisagens naturais da Sicília. Esta faceta e os personagens dão ao espectador muito material sentimental, desfrutando de uma linguagem visual bem fascinante. As inserções não realistas enriquecem o filme e aumentam significativamente a duração do longa, sem necessidade crucial para isso.

Os personagens principais assumem um tom ligeiramente exagerado, o que parece ser aplicado intencionalmente a fim de atrair o público mais jovem. Em uma entrevista dos diretores para o lançamento do filme no mercado brasileiro, eles acentuam o foco do filme em jovens e suas expectativas para ter um bom feedback aqui, o mesmo que eles receberam após a estreia na Semana Internacional da Crítica de Cannes, em maio.

Na verdade, há uma grande descoberta para o público-alvo deste filme. Eu recomendaria dedicar uma de suas noites de cinema a O Fantasma da Sicília, um filme que deve ser visto em uma tela grande.

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