O Filho Eterno

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Faça um favor e leve uma caixinha de lenços para ver mais um ótimo filme nacional

O que significa a normalidade para você? Qual o peso que ela tem em sua vida? Em O Filho Eterno, a normalidade é genética, cognitiva e comportamental. E pesa cerca de uma tonelada para nosso protagonista.
Curitiba, 5 de julho de 1982. É dia de jogo da Copa e Roberto (Marcos Veras, de Porta dos Fundos), escritor não publicado, trabalha em um texto repleto de expectativas quanto à partida do Brasil contra a Itália. O subtexto pode ser encarado como uma ode ao filho que irá nascer, seu filho com Claudia (Débora Falabella,de Meu País). E assim nasce Fabrício, bem no dia do jogo que levaria o Brasil a uma vaga na final do tetracampeonato – mas como bem sabemos, não foi esse o caso.

Mas Fabrício apresenta uma anomalia genética, que o torna não mais o filho “normal” que Roberto esperava, mas sim um filho especial, com síndrome de Down. Temos então que conter o horror à terrível reação de Roberto e lembrarmos que isso eram os anos 80, quando não se sabia muito a respeito da síndrome e havia mesmo algumas clínicas que prometiam deixar os filhos com a anomalia “normais”.

A história se desenvolve em torno do crescimento de Fabrício, que Roberto pensava que viveria somente até os dois anos, segundo um livro médico da época. Mas Fabrício é forte e saudável e sobrevive, tornando-se o filho eterno do título, uma criança doce e alegre, a despeito do desprezo que lhe é reservado pelo pai. Roberto não aceita a condição do filho e essa incapacidade de lidar com a frustração de suas expectativas acaba levando à sua infelicidade e a um casamento bem morno.

Débora Falabella interpreta muito bem a mãe que admite ter tido o mesmo receio e medo que o pai, mas que ama o filho com todas as suas forças, enquanto Marcos Veras faz o papel mais duro de um pai que não ama seu filho, que não entende como fazê-lo.

A trama emocionante é polêmica, baseada no livro de Cristovão Tezza e interpretada com competência por atores globais e mesclada a uma trilha instrumental sensível leva o espectador a uma montanha-russa de sentimentos e reações que faz valer o ingresso. A dificuldade de administrar as expectativas de uma vida com sua realidade nua e crua, além da percepção da normalidade perante as expectativas dos outros nunca ser uma coisa boa, se torna a grande lição do filme. Faça um favor e leve uma caixinha de lenços para ver mais um ótimo filme nacional.

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