Olhando para as Estrelas

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"Olhando para as Estrelas" ajuda a criar empatia

Olhando para as Estrelas acompanha a vida de duas bailarinas que fazem parte da única escola de ballet para cegos do mundo. Geyza é a primeira bailarina e professora da companhia, ela está se preparando para se casar; e Thalia, uma de suas alunas adolescentes, está lidando com todas as mudanças de sua idade. Suas histórias vão além do desafio de dançar sem uma referência visual, e elas querem ser boas profissionais, sendo parceiras e amigas que trabalham com garra para se tornar a melhor versão de si mesmas.

Alexandre Peralta e sua equipe acompanharam as bailarinas durante 3 anos e meio para produzir o documentário, contando as suas rotinas dentro da AFB (Associação Fernanda Bianchini) – uma companhia de ballet para pessoas com deficiência visual. É possível se sensibilizar com as dificuldades e barreiras das jovens, mas o principal aqui é perceber como o filme é inclusivo e o que importa é a história de vida de duas bailarinas.

É perceptível que a produção foi feita para nos sentirmos dentro de um espetáculo, o ritmo é suave e tem profundidade, como normalmente são apresentados dentro de grandes apresentações.

A questão da deficiência visual acaba ficando de lado, pois o ballet já carrega toda uma complexidade de desafios como uma dança que exige alto grau de concentração e muitas horas de ensaio e estudo. É praticamente vocacional e é por esse meio que se passa o desafio de ambas, afinal, culturalmente, o ballet não é tão inserido no Brasil. Embora seja uma dança mais conhecida por ensinar disciplina, o que fica muito mais claro é a capacidade de transformação que a dança tem na vida das pessoas.

O documentário ajuda a entender o que é empatia e como é possível tratar as questões de aprendizagem de distintas maneiras. Mostra como é ensinar e aprender movimentos reduzindo o número de sentidos, mas aumentando a sensibilidade. Aprender ballet, através do toque e da fala e conseguir traduzir os ensinamentos através dos movimentos ajuda a mostrar que sempre possível pensar fora da caixa.

Os desafios de Geyza e Thalia são constantes, mas o que fica claro é como lidam com isso, só querem ser inseridas, as barreiras não são por conta da deficiência visual, mas sim do mundo que ainda não tem percepção do todo e da maneira correta de viver em sociedade. É uma questão de pertencimento, o mundo tem que se adaptar, não elas.

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