Orange Is The New Black – 4ª Temporada

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O que você faria se pudesse voltar no tempo? Provavelmente essas detentas tentariam não ir para a prisão. Mas tempo é o que elas tem de sobra para pensar sobre isso e sobre o que vão fazer quando saírem de Litchfield. Orange Is The New Black, série da Netflix criada por Jenji Kohan, conquistou muita gente desde sua estreia e alavancou as outras produções originais do serviço de streaming, mostrando que ali a gente podia ver coisas de qualidade. Para quem já assiste a série desde seu início, a quarta temporada faz com que a gente se sinta em casa, já que aprendemos a nos relacionar com as personagens e seus conflitos, e isso é uma vantagem e tanto para a produção, que construiu muito bem a base para os conflitos a longo prazo com sua vasta cartela de personagens interessantes.


O final da terceira temporada já indicava um certo reboot na trama, com a chegada de novas prisioneiras e novos conflitos, procurando novamente esquecer um pouco da Piper (Taylor Schilling) e focar nas outras prisioneiras. Mesmo com as prévias cheias de momentos fortes e também da ação feita pela empresa com as útimas chamadas com a nossa Inês Brasil, a série não esquenta até o sexto episódio. Até então, as cenas são cheias das mesmas encrencas e situações inofensivas e o roteiro parece querer guardar tudo que tem, para o final. E é o que realmente acontece. Por mais que dá vontade de ver as tretas e as brigas o mais rápido possí­vel, tudo isso não estraga a experiência, que promove, com planejamento, acompanhar o passado de algumas delas antes da prisão e dá pra perceber melhor seus motivos e o rumo que essas mulheres tomarão no futuro da série.


A série faz inúmeras crí­ticas ao mundo polí­tico e também usa o julgamento prévio da sociedade americana como ferramenta de humor para falar de racismo, orgulho e cultura pop. A chegada de Judy King (Blair Brown), fazendo uma espécie de Martha Stewart, questiona todo mundo sobre os privilégios da celebridade e como tirar proveito dessa situação que é observada de fora pela imprensa. Verdade é, que para o Estado, essas mulheres são invisí­veis, e por serem criminosas merecem ser destratadas e usadas praticamente como escravas numa situação sub-humana. Com a privatização de Litchfield, a saí­da dos guardas treinados e a superlotação do complexo, a prisão vira um caos na supervisão do sempre bem intencionado Sr. Caputo (Nick Sandow) que entra em conflito consigo mesmo sempre que tenta defender as detentas. Mas em todo regime, existe resistência, e essas mulheres não querem engolir toda a injustiça que acontece.

O erro de uma, significa punição para todas. E por mais que essa prisão não seja como a do seriado Oz, as coisas podem ficar bem violentas quando fogem do controle. Afinal, elas estão entediadas, oprimidas, traumatizadas, desmotivadas e sozinhas, e aquele lugar muda uma pessoa completamente, por mais simpatia que a gente tenha por alguma delas com o passado injusto, o roteiro surpreende e vira o jogo, tirando a inocência de quem a gente menos espera. Fora toda a burocracia prisional e as superações pós-traumáticas de algumas prisioneiras, a série também falou sobre a loucura de uma forma frágil e particular na subtrama com Lolly (Lori Petty) e o conselheiro Sr. Heleay (Michael Harney). A entrega de Petty numa atuação concisa e emotiva, trilhou uma resolução de arrancar lágrimas. Outro destaque, é Danielle Brooks que interpreta a otimista e confiável Taystee, que supera (dessa vez) o papel fundamental da série no lugar da vencedora do Emmy, Uzo Aduba (Suzanne “Crazy Eyes”).


Orange Is The New Black, é hoje a produção que mais fala sobre diversidade, com um elenco que expressa todo tipo de conceito cultural, religioso, sexual, racial e ideológico, e mostra isso de uma forma honesta e sem medo de arriscar. A representatividade e a preocupação com um bom entretenimento de massa, abre espaço para falar sobre perda, revolta, perdão e sentimentos que estão a flor da pele nessas mulheres. E não está em todos nós? Pois é. O final comovente envolvendo a adorável Poussey (Samira Wiley) dá ao público um motivo de luto e indignação, para fazer a gente sentir e se lembrar de que todo ser humano é único.

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