Em Os 80 Gigantes, acompanhamos a história da Cia dos Ventos, um grupo de teatro de bonecos que transformou arte em resistência. Fundada por Tadica Veiga e Joelson Cruz, a companhia criou personagens inspirados no Carnaval de Antonina, levando magia para as ruas de São José dos Pinhais e formando novas gerações através do projeto social O Boneco e a Sociedade. Porém, o que era um espaço de cultura e tradição se vê ameaçado quando uma decisão política os obriga a deixar seu galpão, colocando em risco não apenas os 80 bonecos gigantes, mas toda uma história de dedicação à arte.
O documentário captura a beleza do teatro de bonecos ao mesmo tempo que denuncia os desafios enfrentados por artistas independentes no Brasil. A câmera percorre com sensibilidade o universo criado pela companhia, mostrando os detalhes artesanais das figuras gigantescas e a paixão envolvida em cada espetáculo. Mas também revela a incerteza e a dor da perda, enquanto o grupo precisa lutar para seguir existindo.
Sem um espaço para guardar seus bonecos e sem o apoio necessário, a Cia dos Ventos se vê diante de um dilema: como manter viva uma tradição diante da falta de estrutura? O filme lembra outras histórias de resistência, como O Homem Que Matou Dom Quixote, onde a arte e a realidade se chocam, testando os limites da perseverança de seus criadores. Aqui, no entanto, não há espaço para desistência – há apenas a necessidade de reinventar-se.
A direção equilibra a sensibilidade com a força da luta artística, construindo um retrato emocionante de um grupo que não se permite apagar. As imagens dos bonecos em cena, cheios de vida, contrastam com a angústia de seus criadores, tornando a narrativa ainda mais impactante. Cada detalhe reforça a importância da arte como resistência, algo que transcende a necessidade de um espaço físico.
No fim, Os 80 Gigantes não é apenas um registro sobre teatro de bonecos, mas um testemunho da resiliência cultural. Enquanto houver histórias a serem contadas, sempre haverá artistas dispostos a trazê-las à vida, mesmo que o palco precise ser reconstruído do zero.