Em 1971, o Oscar premiou “Patton – Rebelde ou Herói?”. O filme levou oito Oscars – incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor roteiro, melhor edição e melhor design de produção. Tal aclamação foi muito merecida, pois “Patton” continua sendo até hoje um dos filmes biográficos de guerra mais atraentes que Hollywood já produziu.
Com seu retrato grandioso, mas ao mesmo tempo singularmente humano, do General George S. Patton Jr., o filme de Franklin Schaffner é um exemplo do melhor da produção cinematográfica. Do design de produção e coreografia de batalha à simples atuação dramática, “Patton” tem de tudo. Não há nenhuma cena que não funcione dentro da criação do filme.
Patton não era uma pessoa amigável e descontraída. Um herói de guerra e um estrategista perspicaz, ele também era duro, teimoso ao ponto da intransigência e pouco diplomático. Além das campanhas que travou no norte da África, na Sicília e em toda a Europa, o general talvez seja mais lembrado por um incidente em que esbofeteou um soldado. A mídia da época o difamou por isso. Esse único ato, mais do que tudo, tipificou a percepção sobre ele.
Esse lado do homem é mostrado em “Patton”, mas há mais facetas na personalidade do general do que ele apresentou em público. Havia também o filósofo pensativo, que acreditava em Deus, no destino e na reencarnação (ele acreditava ter estado no campo de batalha quando os cartagineses lutaram contra os romanos e, mais tarde, ter servido com Napoleão). Patton não era frio nem insensível – ele se importava profundamente com aqueles sob seu comando. Em sua apresentação imparcial, “Patton” faz justiça a esses aspectos do caráter do general. O que vemos não é uma lenda, mas um homem, com todas as falhas e triunfos que o tornaram quem ele era.
George C. Scott interpreta Patton, entregando o melhor desempenho de sua longa e impressionante carreira. Em um papel que exige uma escalação hábil da carga emocional, Scott encontra o equilíbrio perfeito entre o bombástico e a sutileza. Desde a cena de abertura, a atenção do espectador está voltada para a tela, e somente quando os créditos finais rolam é que as distrações externas se reafirmam. Não é exagero dizer que, na década de 1970, apenas homens como Brando, Pacino, Nicholson e De Niro igualaram o que Scott realizou em “Patton”.
Aqueles que não viram “Patton”, ou que não assistiram ao filme com atenção, podem supor que este filme é sobre a Segunda Guerra Mundial e um de seus generais mais famosos. Na verdade, eles estariam apenas parcialmente corretos. O que “Patton” se propõe a fazer é desmistificar o assunto e mostrar as forças que impulsionaram esse homem.
Estrategista brilhante, disciplinador impiedoso, lutador incansável e patriota convicto – Patton era tudo isso e muito mais. A vida para ele era o campo de batalha e, sem guerra, seu espírito era minado. Os militares alemães reconheceram isso quando observaram que a queda de Berlim acabaria com ele. Patton era um anacronismo – um homem que pertencia a outra época. Ele era um guerreiro que vivia em uma época em que a vitória na batalha não significava mais o triunfo que já teve, um conquistador romano que entendeu o significado das palavras “toda glória é passageira”. Acima de tudo, porém, ele era um ícone a quem milhões aplaudiam, milhões odiavam e poucos compreendiam.