Plauto, um Sopro Musical

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“Plauto, um Sopro Musical” é um documentário sobre um dos maiores flautistas do Brasil, e do Mundo

LISTE 3 INSTRUMENTISTAS QUE VOCÊ CONHECE

Não vale falar da Dona Ana, sua professora de teclado, ou do Seu Pedro que faz sucesso tocando pandeiro no seu bairro. O fato é que no geral os músicos instrumentistas não são famosos. Quando acontece de um deles furar a bolha, é quase sempre um pianista. Agora imagine o quão talentoso era Plauto Cruz, que não era pianista, mas um flautista. Ele era tão bom em sua época, que muitos o consideravam o melhor flautista do Brasil, e talvez um dos melhores do mundo.

O QUE É O FILME “PLAUTO: UM SOPRO MUSICAL”?

O filme é um documentário dirigido por Rodrigo Portela, uma homenagem póstuma a Plauto Cruz, falecido em 28 de julho de 2017. No doc conhecemos um pouco sobre a persona do flautista e sua trajetória musical. Rodrigo Portela reuniu amigos e familiares para eternizar a memória de Plauto para as próximas gerações, para quem sabe poder inspirar uma nova safra de flautistas. O doc também se torna uma referência para aqueles que são entusiastas pela história da música. Acontecem diálogos que recriam o contexto cultural e musical do Brasil na época da rádio, e da geração de músicos que fizeram parte dessa era de ouro.

O OUVIDO ABSOLUTO DE UM SÁTIRO GREGO

Na Grécia os sátiros eram conhecidos como seres que habitavam os bosques, tocando suas flautas para as ninfas divinas. Tal como os sátiros, Plauto também é retratado no filme como um personagem mítico. Com ouvido absoluto, Plauto conseguia identificar notas musicais com naturalidade. Dizem que sua primeira flauta foi ele mesmo quem criou utilizando taquara, ainda criança. Frases como, “Se eu respiro ar, Plauto respirava melodia” e “Plauto tocando é a melancolia do inverno da cidade de Porto Alegre”, agregam versos mitológicos para sua história.

SE PLAUTO ERA TÃO BOM, POR QUE NÃO É RECONHECIDO NO BRASIL OU EM OUTROS PAÍSES?

Ele é reconhecido no Brasil! Mas infelizmente por apenas algumas pessoas da área musical. No Rio Grande do Sul, sua terra de origem, ele é um patrimônio cultural dos gaúchos. O que justifica ele ser pouco lembrado é que Plauto era excêntrico, como todo gênio é. Ele era metódico e não se deixava seduzir pela fama. Plauto era feliz tocando, independente se isso lhe deixaria rico ou não. A música era a sua vida. E a sua vida foi uma coleção de partituras escritas por ele.

É comum ver instrumentistas talentosos percorrendo o mundo. Assim no passado, como ainda hoje, existem vários programas financiados por países para atrair músicos talentosos. Plauto poderia ter viajado pela Europa, ninguém duvida disso, mas ele não queria deixar Porto Alegre, e muito menos sua família. O filme veio como uma forma de divulgar sua história, para que mais pessoas pudessem conhecer o seu legado.

VALE A PENA ASSISTIR ESSE DOC?

A fotografia é bonita, tal como a escolha dos planos. A câmera desliza com suavidade. Mas a edição em si poderia ter feito o filme ser algo melhor. A edição de som talvez precisasse ser mais trabalhada, pois acredito que incomodariam os ouvidos melódicos de Plauto. Contudo, a persona do músico é magnética, e sua história é tão interessante que fica difícil não gostar do filme.

Eu fiquei com uma sensação triste pelo Brasil ter perdido Plauto. Ele foi uma figura única. Se eu tive essa impressão em um pouco mais de uma hora de doc, imagina quem passou uma vida ao seu lado. É uma bela homenagem, e agradeço por ter tido a oportunidade de conhecer um personagem tão importante para a cultura brasileira. Acredito que quem decidir ir assistir ao filme não vai se arrepender. Fica aquele gostinho de querer aplaudir o grande músico que foi Plauto Cruz.

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