A premiada diretora Icíar Bollaín apresenta Redenção, um filme dramático, envolvente e que promete mexer não só com a emoção, mas com os princípios dos espectadores.
O fato real em que o filme se baseia é o encontro entre Maixabel Lasa (Blanca Portillo), vítima de terrorismo, e o assassino de seu marido, Ibon, interpretado por Luis Tosar. Enquanto ela divide sua rotina com o partido político do qual faz parte, ele é integrante de um grupo terrorista que não mede esforços para propagar seus ideais. Quando a tragédia provocada por Ibon entrelaça a vida dos dois para sempre, os anos se encarregam de mostrar que nem tudo será perdão ou culpa, e por mais que algumas coisas sejam impossíveis de esquecer, podem se transformar em fardos mais leves de carregar.
O primeiro ato do filme é um recorte não linear da vida de todos os personagens que fazem parte da história antes que ela chegue ao seu momento presente. A escolha por apresentar todo esse cenário, mostrando pontos de vista que vão se modificando conforme o avanço da história, permite que o público se conecte com eles em vários níveis, entendendo as motivações, anseios, dores e objetivos tanto dos “mocinhos quanto dos vilões”.
Inclusive, o arco de redenção dos vilões é muito bem arquitetado, tanto é que nomeou o filme. Quando menos esperamos, um longa que parecia ser apenas mais um retratando esquemas políticos e fanáticos se torna algo muito mais profundo, algo que mal podemos esperar para ver se desdobrar na próxima cena. E detalhe: quando se fala em “redenção”, a história não está falando em absolvição, ou esquecer e seguir adiante. É algo muito maior, é lidar com sentimentos que vem completamente do âmago e estão expostos. Não à toa, Redenção teve 14 indicações ao prêmio Goya, o maior entre as premiações espanholas e conquistou o troféu de Melhor Atriz para a protagonista Blanca Portillo.
Ao final, o que temos é um filme verdadeiramente honesto, que sabe conduzir a história de uma forma extremamente próxima da vida real. Sem exageros para nenhum dos “lados”, apenas a vida como ela é.