Bela Vingança

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Mais um filme de vingança? Sim, mas esse é bom, de verdade!

Bela Vingança era um filme que eu estava aguardando há muuuuuito tempo. Desde quando o trailer saiu, lá em 2019. Ao som de uma versão instrumental de Toxic, da musa Britney Spears, e com cortes rápidos e cenas muito coloridas, você vê insinuações de que a mulher loira e alta ali do trailer (a excelente Carey Mulligan) deve fazer alguma barbaridade com os homens retratados. Uma espécie de bela vingança.

Com o lançamento do filme, pude conferir a realidade, não tão bela e doce quanto retratada no trailer. Cassandra “Cassie” Thomas (Mulligan) não se diverte tanto quanto imaginei vendo o trailer. E ela executa, noite após noite, sua bela vingança em homens que encontra em bares, atraídos por sua beleza e disponibilidade (ela finge estar bêbada, uma presa fácil para homens sem escrúpulos), não porque acha aquilo divertido ou quer dar uma lição neles: ela procura sua própria paz de espírito através de um tipo de redenção.

Quando vi o trailer e o filme, não tive como não pensar no clássico às avessas A Vingança de Jennifer, de 1978, que em 2010 ganhou um remake pior que o original chamado de Doce Vingança (do original, I Spit on Your Grave). Mas esses dois são duas porcarias, que aí sim não fazem sentido algum, só mostram violência por violência, e não se omitem ao mostrar o corpo das jovens sendo abusadas. Filme com mulher dirigido por homem que chama?

Mas Bela Vingança, escrito, coproduzido e dirigido por Emerald Fennell, uma britânica de 30 anos mais conhecida por sua atuação em The Crown, é bem diferente. Apesar de também trazer uma bela jovem para o papel principal (assim como os outros “crássicos” citados acima), alta, magra e loira, a maneira como o tema do assédio de mulheres foi tratado, com os caras “bonzinhos” e solícitos aprendendo lições valiosas (ou pelo menos tomando um bom sustinho), ou pelo menos levando a pauta da questão da segurança das mulheres, seus direitos sobre suas vidas, seus corpos, suas vontades para o cinema de massa. Só com isso, ele já ganhou muitos pontinhos.

E o trabalho da Fennell é incrível, manipulando as audiências (eu me senti manipulada, imagino que você vai também!) a se divertirem com Cassie e seu joguinho rosa e ao mesmo tempo perverso, mas que tem um final de virar o estômago.

Mulligan está sensacional como Cassie. Com sua aparência frágil e indefesa, ela surpreende a homarada que leva ela pra casa, pra cuidar dela, que está aparentemente muito bêbada para se cuidar sozinha. Nas mãos da atriz, com um roteiro bacana e direção brilhante, Cassie é um personagem divertido, triste e corajoso, tudo em apenas 2 horas de filme.

Vale a pena conferir, ainda mais porque o filme está concorrendo a cinco Oscar, incluindo melhor filme (uhuuuuuu), melhor diretor (fuck yeah!), melhor roteiro original, melhor montagem e melhor atriz para Mulligan (ela tem fortes chances de vencer!), especialmente porque ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático pelo papel <3

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