Retratos Fantasmas

Onde assistir
"Retratos Fantasmas": uma jornada especial e pessoal pelos cinemas de Recife

Quando assisti ao documentário Retratos Fantasmas, dirigido por Kleber Mendonça Filho, fui transportado para um mundo de memórias e nostalgia que ecoou profundamente com a minha própria história. Embora minha infância e minha experiência não tenham sido nas ruas do Recife, onde o filme se passa, as salas de cinema antigas retratadas na tela me lembraram do meu próprio lugar mágico: o Cine Avenida em Lages, Santa Catarina (veja abaixo).

Cresci nos bastidores de um cinema semelhante às locações de Kléber Mendonça Filho. Meu avô, Oscar Sclengmann, era um técnico cinematográfico (veja-o abaixo), apaixonado por sua arte. Ele dedicou sua vida a instalar e manter projetores em salas de cinema em todo o Brasil, desde os anos 1950 até a era da conversão digital, em meados da década 2010. O Cine Avenida, onde meu avô baseava sua oficina, foi um local de sonhos para mim, um lugar onde histórias ganhavam vida na tela grande e onde minha paixão pelo cinema floresceu.

Retratos Fantasmas evoca com sensibilidade a importância das salas de cinema como locais de memória e comunidade. Kleber Mendonça Filho mergulha nas ruas do centro do Recife e nas antigas salas que moldaram sua própria jornada como cineasta. O documentário nos leva a uma viagem íntima, dividida em três partes, onde nos familiarizamos com o apartamento Setúbal, exploramos os cinemas de Recife e visitamos antigas salas que agora se tornaram igrejas ou outras coisas do mundo moderno.

O filme nos faz refletir sobre o papel do cinema na nossa cultura e nas vidas das pessoas. Como minha própria história, Retratos Fantasmas nos mostra que esses cinemas desempenharam papéis fundamentais na vida das comunidades, lugares de encontro, de risos, de lágrimas e de sonhos compartilhados. Enquanto o mundo moderno avança, muitas dessas salas de cinema desaparecem, deixando para trás apenas “fantasmas” de um passado cinematográfico glorioso.

Kleber Mendonça Filho nos presenteia com uma narrativa pessoal, mas universal, sobre o que perdemos quando as portas das nossas salas de cinema favoritas se fecham. Seu olhar atento e afetuoso para o Recife reflete a minha própria conexão com o Cine Avenida. Essas são histórias que merecem ser contadas, e Retratos Fantasmas faz isso de maneira bela e comovente.

Assim como Mendonça Filho, também reconheço que a era de ouro do cinema tradicional está evoluindo, mas a memória e o amor por esses lugares icônicos nunca desaparecerão. Este documentário é um tributo emocionante a todos os cinemas que se tornaram parte de nossas vidas, seja em Recife, em Lages ou em qualquer outro lugar.

Retratos Fantasmas é uma carta de amor ao cinema e à nossa própria história, um lembrete de que os lugares que frequentávamos quando éramos jovens moldaram quem somos hoje. Agradeço a Kleber Mendonça Filho por trazer à tona essas lembranças e por celebrar a importância dessas salas de cinema como parte fundamental do nosso tecido cultural e emocional. Um documentário que vale a pena assistir e que ressoará com todos que têm um lugar especial em seus corações para o cinema.

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