Revolta dos Malês

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“Revolta dos Malês” é um filme que nos transporta para um momento crucial da história brasileira

A Revolta dos Malês foi uma manifestação liderada por negros africanos escravizados de origem islâmica, que ocorreu em 1835, na cidade de Salvador, Bahia. Seus objetivos incluíam a busca pela liberdade religiosa, o fim da escravidão, e a fundação de uma república islâmica no nordeste do Brasil. Os Malês eram africanos muçulmanos, principalmente nagôs e haussás, que se destacavam pela sua instrução, habilidades como leitura, escrita em árabe e matemática, e resistência à assimilação cultural.

Com cerca de 600 participantes, a revolta visava tomar a cidade, libertar-se escravizados, e assumir o controle político. A batalha resultou em um grande número de mortes, principalmente de negros rebeldes, sendo 70 mortos e muitos outros punidos com violência e deportação.

A repressão à revolta teve um impacto significativo nas províncias do Império, gerando medo e vigilância extrema sobre os escravizados africanos em todo o Brasil. A elite brasileira temia que revoltas como a dos Malês enfraquecessem o sistema escravista e inspirassem futuras manifestações em todo o país, semelhantes à Revolução Haitiana de 1804.

A Revolta dos Malês de 1835, na Bahia, deu origem à trama, baseada em eventos reais. Ela segue a vida de Guilhermina, uma mulher em busca de liberdade para si e sua filha Teresa. O longa oferece um olhar autêntico sobre a luta dos malês, africanos muçulmanos, e também de alforriados, destacando suas aspirações e descontentamentos diante das condições opressivas da época. Com uma narrativa envolvente e uma abordagem acessível, o filme consegue capturar a atmosfera de maneira autêntica e tocante.

A produção opta por uma abordagem minimalista, priorizando o elenco e as desvantagens da narrativa. As performances de Rodrigo dos Santos, Zezeh Barbosa, Raphael Logam e, principalmente, Shirley Cruz, que interpreta Guilhermina, são envolventes e conduzem o espectador por reviravoltas emocionantes. A escolha de focar na perspectiva de Guilhermina, uma mulher que se vê envolvida no evento por acaso, adiciona uma camada de complexidade e empatia à trama.

Apesar de enfrentar desafios ao tentar abarcar um espectro histórico amplo, o filme acerta ao utilizar as limitações do cinema a seu favor, criando uma experiência visualmente complexa e econômica. A obra não busca ser didática, mas sim provocativa, explorando a interseção entre teatro e cinema para representar os eventos de forma impactante. Revolta dos Malês desafia o espectador, oferecendo uma visão única e calorosa do cenário histórico, mesmo que possa exigir uma atenção plena para absorver completamente os detalhes da trama.

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