São Sebastião do Rio de Janeiro — A Formação de uma Cidade

São Sebastião do Rio de Janeiro – A Formação de uma Cidade mostra a expansão urbana da capital fluminense, traça uma linha do tempo, e aí localiza os fatos marcantes da sua história cronologicamente, desde os eventos que levaram a sua fundação pelos portugueses em 1565, até os dias atuais.
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Narrado por Leilane Neubarth, apresentadora da GloboNews, o filme vai presenteando o espectador com belas imagens da cidade, sejam atuais, históricas ou reconstituições, as quais mantêm uma uniformidade entre si com um filtro amarelado na fotografia. Um recurso justificável, mas que pode acabar frustrando aquele que, como eu, esperava imagens mais espetaculares do que estamos acostumados.
Passeando por vestígios arquitetônicos, o filme vai mostrando o desenvolvimento urbano da cidade, intercalando depoimentos de historiadores, antropólogos, artistas, arquitetos ou algum carioca que tenha algo a dizer para construir o “discurso” do filme. E falando em discurso, apesar de contar com diferentes “personagens”, eles não são suficientes para traçar um panorama abrangente do Rio, não conseguindo se desvencilhar de uma narrativa oficial, tornando o filme uma espécia de livro didático animado.
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Não é possível dissociar o espaço urbano daqueles que o constroem e habitam. Cidade é sinônimo de gente, então falar de cidade é também falar de pessoas. E nessa cidade em que favelas encravadas em morros emolduram a paisagem, os antagonismos sociais são evidentes demais para ser ignorados. Mas no documentário, o povo só é mostrado de longe, seja nas imagens de favelas ou nas expressões culturais mais populares, como o samba. Isso nos faz perceber um distanciamento mais profundo entre a voz daqueles que estão a narrar a história, e não falam pela totalidade dos habitantes dessa metrópole.
O que acontece então no documentário de Juliana de Carvalho que o povo não fala? A resposta talvez não seja fácil, nem muito nobre. No início do filme aparece uma pista: a explicação do significado do gentílico “carioca” que em língua Tupi significaria “casa de branco”. Quando colocamos na conta que estamos falando de uma cidade marcadamente negra e onde a divisão social é racializada, fica difícil não perceber que a cisão dos mundos entre morro e asfalto é mais profunda que o filme nos faz parecer.
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Partindo de um discurso alicerçado no senso comum, somos apresentados à questão da sustentabilidade e, sendo esta uma questão chave, se põe como um desafio para o futuro do Rio de Janeiro. Os exemplos de outras metrópoles que promoveram ações de melhorias ambientais e despoluíram suas águas são levados muito mais a sério como argumento que a contemplação dos anseios e sonhos desse enorme contingente de pessoas que amam, vivem e morrem nessa cidade, e sequer são ouvidos.
A proposta, apesar da crítica, é válida, mas não foge aos padrões das tantas reformas sem povo que a cidade já levou a cabo ao longo de sua história e que o filme deixa claro.
Nota:

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