Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:
- Tem classificação de 18 anos.
- Foi filmado no Reino Unido e dirigido pelo finlandês Mikko Mäkelä.
- Possui temática LGBTQIA+
- Seleção oficial do Festival de Cinema de Sundance de 2024.
- Diálogos simples e cenas que trazem debates importantes.
Qual a história de “Sebastian”?
Max é um escritor freelancer de 25 anos que vive em Londres. Durante a noite, ele se torna Sebastian, um trabalhador sexual que usa suas experiências para inspirar seu romance de estreia. Conforme Max luta para equilibrar essa vida dupla, ele questiona se Sebastian é apenas uma ferramenta em sua busca pela autenticidade ou se há algo mais em jogo.
A vocação britânica para produções que chocam a sociedade burguesa
Não é de hoje que a Inglaterra produz filmes e séries que abordam assuntos ditos como marginalizados pela nossa sociedade. Temas como sexo, prostituição, drogas, aborto e conflitos religiosos são corriqueiros pelos lados de lá. Não somente no Reino Unido, mas em grande parte da Europa, como na Finlândia, terra natal do diretor Mikko Mäkelä.
De Monty Python a séries de TV como Skins e Shameless, o público já reconhece a linguagem sarcástica e sem rodeios típica dos britânicos. Mäkelä toma proveito disso, e expande ainda mais esse leque de produções com sua habilidade em tocar em pontos que para nós são polêmicos.
Sebastian se estabelece como retrato franco de uma juventude seduzida pelo sexo como moeda. Devo dizer que isso sempre aconteceu em todas as gerações, mas a atual, que chamam de geração Z, esses questionamentos morais estão cada vez mais diluídos em outras preocupações mais urgentes e existenciais. Para os jovens atuais, tudo é urgente. O futuro pessoal não é tão importante como para as gerações anteriores. O futuro só é importante quando pensado a nível global. O que realmente importa para eles é a satisfação e a sobrevivência. É o agora.
A metalinguagem de “Sebastian”
Sebastian gira em torno do personagem Max, interpretado por Ruaridh Mollica. Max deseja ser um escritor enquanto mantém um emprego em uma revista literária. Para ele, esse emprego é apenas uma forma de sobreviver e pagar suas contas. A história se desenrola quando ele começa a escrever um livro de memórias sobre a vida de um garoto de programa. Isso faz Max se envolver com clientes por meio de um site de acompanhantes.
Os dias de Max se misturam com encontros pessoais e suas ambições como escritor. Com o tempo, o seu talento atrai o interesse de uma editora, interpretada por Leanne Best, que o incentiva a ir cada vez mais fundo.
A ambição por se tornar um escritor faz com que Max se veja cada vez mais envolvido em uma vida dupla. Os problemas aumentam quando seus relacionamentos e senso de identidade começam a ruir. Vemos Max se construindo como personagem ao mesmo tempo que o vemos essa mesma construção em tela. Estamos juntos nesse processo. Os seus questionamentos se tornam os nossos. Essa metalinguagem é o que torna o filme interessante.
Vale a pena ver “Sebastian”?
O filme começa despretensioso, com Max iniciando sua vida como garoto de programa. E aos poucos o roteiro evolui para uma pegada mais introspectiva. O desejo de se tornar um escritor faz com que a necessidade criativa de Max o coloque em crises existenciais. É claro que esse tipo de personagem já foi mostrado em muitos outros filmes por aí, sejam em temáticas gays ou não.
Nos últimos 2 anos, me recordo de já ter assistido a pelo menos outros 2 filmes com esse mesmo tipo de plot. Sebastian pode não inovar, mas o roteiro funciona. O filme alcança o que se propõe. Devemos ter em mente que o entendimento de um filme é amplamente subjetivo. Duas pessoas terão 2 compreensões diferentes. Isso que torna o cinema mágico. Porém, o objetivo principal de Sebastian é levar o debate sobre questões existenciais, principalmente relacionadas à banalização do sexo pelas gerações atuais.
Pessoas mais jovens provavelmente farão uma leitura melhor, já que a história se comunica de forma mais forte com eles. Para os mais velhos, eu recomendo o filme como forma de entender o que se passa com essa geração que tanta assusta os editoriais de jornais e revistas online.
Estejam abertos ao novo, já que a estética queer não é assim tão fácil de se entender de primeira. É um bom filme, onde o sexo é tratado de forma moderna com todos esses aplicativos disponíveis no celular. O roteiro envolve, mas como disse, chega a ser clichê em alguns momentos. Mas isso não tira o encanto do filme.