Shaun, o Carneiro

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"Shaun, o Carneiro" reforça que a animação stop motion é uma arte

Não é nenhuma novidade que as animações levam mais adultos do que crianças para as salas de cinema. Com temáticas sérias e questionadoras, elas se tornaram um mercado para ótimos estúdios de animação. Quase que como um outsider – apesar do excelente histórico da equipe – no atual momento em que o CGI domina, Shaun, o Carneiro, de Mark Burton e Richard Starzak, traz a clássica animação em stop motion, habilmente executada pelo estúdio Aardman, com um enredo simples, até bucólico mas extremamente tocante e certeiro.

Shaun, o Carneiro começa com a bonita relação entre fazendeiro e seus animais – principalmente com os carneiros e o fiel cão – mas o tempo vai passando e se tornando uma torturante rotina. O homem segue a agenda e os carneiros deixam sua lã crescer para que o ciclo continue. O esperto carneiro Shaun é prático ao ver um ônibus passar, carregando uma propaganda que diz “Aproveite o seu dia”. Basta um carpe diem para que ele crie uma grande confusão em nome de uma pequena rebelião entre os carneiros que só querem um dia de folga.

Em uma espécie de “Revolução dos Bichos”, os carneiros organizam um dia de folga para si próprios, mas claro que outros animais da fazenda querem fazer parte disso. Planejando apenas como não deixar o humano acordar durante esse dia, eles acabam não levando em conta outras situações e se envolvem em uma aventura que vai exigir da união entre todos os animais da fazenda e uma série de aprendizados.

O trabalho da britânica Aardman é impecável, com um currí­culo como Fuga das Galinhas e Wallace e Gromit ela eleva os detalhes da animação do carneiro Shaun e seus companheiros à um ápice extraordinário. Os detalhes de cena são extremamente cuidadosos, percebe-se que tudo foi criado com atenção. Desde o interior da casa do fazendeiro, os detalhes na cidade grande, até a forma que os animais se comunicam – eles não dizem nenhuma palavra, o que torna a animação universal – foram feitos de formas que tornam o ato de apenas assistir completo por si só.

Shaun não é novidade, a série dedicada ao carneiro que estreou ainda na época de Wallace e Gromit, há 20 anos atrás, já faz muito sucesso na TV e na internet. O personagem é simpático e arranca boas risadas com seu jeito impulsivo e inteligente, além de ser um personagem fofo e caricato o que chama atenção de adultos e crianças.

Colocando em questionamento assuntos como rotina, trabalho, relações e amizade, Shaun, o Carneiro vem engrossar a lista de melhores animações do ano. As mensagens são claras e tocantes, o fato dos personagens se comunicarem apenas por poucos grunhidos, alguma grafia e muitos gestos é louvável e de certa forma obriga o espectador a prestar atenção aos pequenos detalhes, principalmente em tempos que há muito ruído e pouca compreensão na comunicação.

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