O cinema sueco é, sem sombra de dúvida, um dos mais intimistas do mundo. Marcado por obras com temas como conflitos psicológicos e crises existenciais, o país é exportador de grandes diretores. De Ingmar Bergman (O Sétimo Selo) à Tomas Alfredson (Deixa Ela Entrar), a Suécia deixa claro sua vocação para o cinema mais denso e de roteiros bem escritos. Junto com outros países europeus, o país tem se apresentado como um expoente no ressurgimento de um novo cinema no continente.
Ruben Östlund (Força Maior) é o produto dessa nova safra de grandes realizadores europeus, e pela segunda vez tem um filme de sua autoria concorrendo ao Oscar.
The Square – A Arte da Discórdia, ganhador do último Festival de Cannes, conta a história de Christian (Claes Bang) curador de museu, que está fazendo de tudo para promover o sucesso de uma nova instalação. Em uma de suas tentativas, Christian decide contratar uma empresa de relações públicas para fazer mídia e chamar a atenção para o museu. De forma inesperada, Christian recebe mais do que a atenção que desejava, gerando consequências desastrosas e momentos constrangedores.
No filme, Östlund deixa claro o seu desejo de colocar os personagens em situações complicadas, onde a essência humana é posta à prova. Diferente do seu filme anterior, Força Maior, The Square tem um tom mais cômico e é bastante sarcástico. O filme também apresenta uma forte crítica social, com personagens únicos e com conteúdo ácido. São várias as cenas em que o espectador é levado a situações de constrangimento e reflexão. Östlund tem um olhar único para um mundo cada vez mais individualista.
The Square não é um filme fácil, mas é isso o que o torna especial. Com uma narrativa diferente dos filmes comerciais, o longa apresenta um clima provocador e com humor maduro o suficiente para provocar risos ao mesmo tempo em que faz pensar. É incrível essa capacidade que Östlund tem de extrair o sombrio de seus personagens. Vale muito a pena comparecer aos cinemas e prestigiar esse maravilhoso filme.