Thelma, o candidato norueguês ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, é um psicodrama cheio de estilo e que levanta questões muito interessantes.
No filme, depois de se mudar para Oslo, uma estudante norueguesa vai passar pelos momentos mais estranhos de sua vida. Isso porque, inesperadamente, a jovem tímida que foi criada de acordo com as crenças religiosas fundamentalistas, acaba descobrindo que tem poderes sobrenaturais e, para completar, está se sentindo apaixonada por uma colega de curso.
Joachim Trier, de Mais Forte que Bombas e Oslo, 31 de Agosto, consegue pegar essa premissa (que se você comparar assim por cima não é muito diferente de Carrie – A Estranha) e a transforma em algo novo e instigante.
Thelma está mais interessado em “estudar” os efeitos de uma criação opressiva do que no horror sobrenatural. Assim, Trier vai observando como a opressão religiosa afeta o desenvolvimento pessoal e também confronta o público, e sua protagonista, com os desafios de assumir o controle do seu destino.
O ritmo lento pode ser um inibidor para o público do suspense mais acostumado com as produções hollywoodianas, mas o roteiro inteligente e cheio de idas e vindas, o tom de suspense e o estilo visual estonteante fazem do longa uma experiência inigualável.
Os filmes anteriores do diretor já deixavam clara a sua propensão para focar na vida de personagens isolados e incompreendidos, mas com Thelma ele vai além e, mesmo com os elementos sobrenaturais, o filme se mantém sério, principalmente quando há o embate entre sexualidade e repressão religiosa.
Mesmo não sendo tão fantástico quanto Deixa Ela Entrar (o original sueco), a mistura entre o estudo psicológico e os elementos de suspense fazem de Thelma um psicodrama igualmente distintivo e cheio de camadas inquietantes.