Dirigido por Anatole Litvak e baseado no romance de Rachel Lyman Field, Tudo Isto e o Céu Também é um drama histórico que mescla romance proibido e intriga social no século XIX. Bette Davis interpreta Henriette Deluzy-Desportes, uma governanta que, com sua bondade, conquista o amor das crianças que cuida e a admiração do pai delas, o Duque de Praslin, vivido por Charles Boyer. Essa relação, no entanto, desencadeia uma tragédia que marcará a vida de todos.
A narrativa alterna entre o presente, com Henriette como professora nos Estados Unidos, e o passado turbulento que levou ao escândalo que destruiu sua reputação. O uso desse recurso dá profundidade emocional à personagem e explora os julgamentos morais enfrentados por mulheres em uma sociedade patriarcal. A atuação de Davis, cheia de nuances, equilibra a fragilidade e a força da protagonista, enquanto Boyer entrega uma performance contida, mas carregada de emoção.
Barbara O’Neil, como a instável Duquesa de Praslin, oferece uma interpretação intensa que reforça o clima de tensão no triângulo central. Sua presença ameaçadora é fundamental para o desenvolvimento da trama, conduzindo ao clímax trágico. A complexidade do relacionamento entre os personagens é tratada com sensibilidade por Litvak, que evita exageros e mantém o tom do filme elegante e contido.
Tecnicamente, o filme é um deleite visual, com a fotografia de Ernest Haller capturando os detalhes luxuosos das mansões e paisagens da época. Os figurinos de Orry-Kelly ajudam a transportar o espectador ao período histórico, enquanto a trilha sonora de Max Steiner adiciona um toque melancólico que acompanha perfeitamente a jornada emocional dos personagens.
No final, Tudo Isto e o Céu Também transcende o melodrama tradicional ao explorar temas de amor, sacrifício e redenção. Com performances memoráveis e uma direção primorosa, o filme não apenas encanta como oferece um olhar reflexivo sobre os julgamentos precipitados e o impacto duradouro das escolhas humanas.