Um Lugar Silencioso: Parte II começa exatamente onde o primeiro filme terminou, com a família Abbott ainda lidando com as consequências dos eventos devastadores e a morte de Lee Abbott (John Krasinski). Evelyn (Emily Blunt), Regan (Millicent Simmonds), e Marcus (Noah Jupe) agora precisam abandonar a segurança de sua antiga casa e enfrentar os terrores do mundo exterior, enquanto cuidam de um recém-nascido. Em sua busca por sobrevivência, eles descobrem que os perigos não se limitam apenas às criaturas que caçam pelo som.
Quando Krasinski escreveu o roteiro de Um Lugar Silencioso, ele não tinha intenção de criar uma franquia. No entanto, o sucesso comercial do filme original tornou inevitável a realização de uma sequência. Embora a narrativa da Parte II possa ser considerada “rasa” em termos de avanço da história, o diretor consegue extrair o máximo do material disponível, mantendo o suspense e a tensão em níveis elevados.
O filme começa retrocedendo no tempo, mostrando o “Dia 1” da invasão alienígena. Essa introdução não apenas nos dá um vislumbre de como tudo começou, mas também permite que Krasinski revisite seu papel como Lee Abbott. A sequência inicial, com a calma de um dia comum transformando-se em caos com a chegada dos alienígenas, é um dos momentos mais intensos do filme, preparando o terreno para a continuação da história.
Após essa introdução, voltamos ao presente, poucos minutos depois do final do primeiro filme. Evelyn, ainda se recuperando do ferimento no pé, lidera sua família em busca de segurança fora de sua casa fortificada. Eles encontram refúgio com Emmett (Cillian Murphy), um amigo relutante que vive isolado em uma fábrica abandonada. A narrativa então se divide em três grupos, com Regan e Emmett em uma missão para encontrar a origem de uma transmissão de rádio, Evelyn retornando à cidade em busca de suprimentos, e Marcus cuidando do bebê no esconderijo.
A estética de Krasinski para a sequência mantém a mesma tensão silenciosa que tornou o primeiro filme tão eficaz. Através do uso de som reduzido, especialmente nas cenas do ponto de vista de Regan, e de uma trilha sonora sutil, o diretor consegue criar um ambiente onde cada som pode significar morte. Embora haja mais sustos nesta sequência, o filme não depende deles para manter seu suspense.
No entanto, Um Lugar Silencioso: Parte II não é isento de falhas. O personagem de Emmett, embora essencial para a trama, não é tão bem desenvolvido quanto poderia ser, deixando uma lacuna emocional que Lee havia preenchido no primeiro filme. Djimon Hounsou, um ator talentoso, é subutilizado em um papel que mais parece uma participação especial. A expansão do papel de Millicent Simmonds, embora bem-vinda, reduz o tempo de tela de Emily Blunt, e Noah Jupe passa a maior parte do filme preso em um bunker com um bebê.
Apesar dessas pequenas falhas, Krasinski prova ser a escolha certa para dirigir a sequência, conhecendo intimamente os personagens e a ambientação do mundo que criou no primeiro filme. Um Lugar Silencioso: Parte II se mantém como uma extensão digna do primeiro filme, não diminuindo o impacto do original. Contudo, é difícil imaginar uma terceira parte sem cair em clichês e repetição. Se a série terminar aqui, será lembrada como uma das melhores histórias de terror com monstros do início do século XXI.