Desde que foi lançado o primeiro trailer do filme de Vai Que Cola – O Filme, o marketing anunciava muitos motivos para gargalhar com as piadas de tombação que são o dna do programa de tv do canal Multishow. Com um dos elencos mais talentosos da cena humorística do Brasil, o programa já tinha cativado muitos telespectadores, mas talvez não muitos fora do Rio de Janeiro, já que o bairro carioca do Méier é o pano de fundo para a trama, o que dificulta a identificação do público com o carioquês e as piadas geográficas da série, as vezes cansativa.
Logo no começo do filme o personagem de Paulo Gustavo, Valdomiro, ultrapassa a barreira da câmera e fala direto com a audiência do cinema, explicando a trama e até se refere aos atores em cena pelos seus nomes, como ele faz em sequências com Fiorela Matheis e Fernando Caruso. O filme reúne o que havia de melhor no programa e expande, é bacana ver a direção de arte na pensão e como ela ficou no mundo real, fora do palco giratório. Mas existem alguns pontos fracos como as cenas de Fiorela Matheis e também as do Seu Wilson de Fernando Caruso, que poderia ser o melhor tipo inspetor Bugiganga, mas peca nos gostos pessoais do ator que estão presentes no roteiro e acabam se distanciando do clima de comédia absurda e barulhenta. Como a história brinca com o contraste entre o os bairros cariocas do Méier e do Leblon, alguns famosos aparecem na parte rica da cidade, como Danielle Suzuki e também o galã Klebber Toledo, que tem uma participação maior na trama de Jéssica, a personagem de Samantha Schmutz.
Por mais destaque que o ator Paulo Gustavo tenha no filme e faça questão de deixar claro que quer aparecer mais do que todos, quem realmente carrega as cenas mais engraçadas é Ferdinando, o personagem de Marcus Majella. Foi um show de atuação e é perceptível o quão a vontade e preparado ele estava pra ter os seus momentos, que sempre que ele aparece você já espera que algo fora do comum vai acontecer e nunca cansam no filme. Outro ponto positivo é a personagem da ótima Cacau Protásio, Terezinha, que assume o peso corporal e bate na tecla do humor de peso, assim como foi feito por Eddie Murphy em Norbit. Muitos improvisos são evidentes e que fazem toda a diferença pra esse tipo de comédia, que não se leva a sério, o intuito mesmo é a diversão. Vai Que Cola – O Filme acrescenta o que faltava na tv mas não deixa de ser o que é.