Verão 1993, candidato espanhol ao Oscar 2018 de Melhor Filme Estrangeiro, é aquele filme que te envolve, cativa e faz pensar com uma história crua e simples.
No longa, a pequena Frida (a estreante Laia Artigas) é uma criança em crise. Depois de perder o pai, ela sofre também com a morte da mãe, devido a uma doença que ela ainda não é capaz de compreender. A garota é obrigada a se mudar para a casa dos tios, em outra cidade. Apesar do afeto e compreensão da família, Frida manifesta um comportamento agressivo, especialmente com a prima mais nova.
A estreia de Carla Simón com longas metragem é um primor só. Parecendo uma espécie de autobiografia, a diretora leva Frida para o local onde ela mesma foi enviada aos 6 anos, e a partir disso vamos acompanhando uma menina com olhar emotivo e forte muito bem encarnada por Artigas.
A doença que vitimou os pais de Frida não é mencionada com todas as letras e a vergonha da família deixa bem claro o preconceito que a doença tem ainda hoje. Mas para a menina, ninguém parece saber o motivo da morte da mãe e isso é um grande trunfo para continuarmos na história através dos seus olhos infantis.
Incapaz de verbalizar sua dor, exceto para uma estátua da Virgem Maria, Frida começa a descontar em Anna, sua prima e nova irmãzinha. Os efeitos são graves na família e em determinado ponto todos parecem estar presos na situação. Frida por estar com uma família que, de fato, não é a sua, e a família por ter de acolher uma menina que sofre por causa da perda dos seus pais biológicos.
Verão 1993 tem momentos catárticos, mas o faz de forma verdadeira e bastante confiante. Os atores se entregam às mãos de Simon e são o ponto alto do longa falado em catalão.
Num cinema onde menos é mais, Simon dá vida à uma memória que parece real e dolorosa. Verão 1993 é um filme que vai te cativar com sua protagonista, mesmo que você acabe compartilhando a sua dor e perceba o quão injusta a vida pode ser.