Gente, alguém anotou o número da placa do caminhão que me atropelou? Ah, sim, anotado: A Alegria é a Prova dos Nove. Socorro.
O filme até começa bem, contemplativo, saudosista, com dois idosos, Jarda Ícone (Helena Ignez, a diretora do longa) e Lírio Terron (Ney Matogrosso), falando sobre o passado. Falam sobre quando eram jovens e viajaram, e a mulher foi estuprada por militares. Anos depois ela se torna sexóloga, ele defensor dos direitos humanos.
Putz, achei que ia dar bom, mas aí descambou.
Entendo claramente a intenção da diretora de levantar discussões sobre a liberdade da mulher de poder decidir sobre seu próprio corpo, ter e procurar obter seu próprio prazer, mas que tal trazer discussões mais profundas ao invés de diversas esquetes que chegam a ser chatas de tão repetitivas e superficiais?
Além disso, entendo que hoje existam diversos problemas, e entendo que a diretora se sinta compelida a falar de alguns, mas tentar abordar todos ao mesmo tempo, levantando diversas bandeiras de maneira desordenada e superficial, mais uma vez?
Triste, pois tinha potencial. E acaba que o filme é tão abstrato, quase um filme hippie dos anos 1970, que os temas super bacanas tratados aqui, mesmo que de maneira superficial, vão atingir uma galerinha seleta que já acredita em tudo isso, ou seja, pregação pra convertido. Isso porque o filme fica muito distante da maior parte das audiências, deve entrar em poucos cinemas (eu moro em uma cidade do interior, o filme jamais vai chegar aqui). Triste.
Ou não, talvez.