Em A Casa de Rothschild, o diretor Alfred L. Werker nos leva por uma jornada envolvente através da história de uma das famílias mais poderosas da Europa. Baseado em peça teatral de George Hembert Westley, o filme explora a ascensão do clã Rothschild, especificamente focando nas figuras de Mayer Anseim Rothschild, o patriarca da família, e seu filho Nathan, que consolidou o legado financeiro da família em Londres. Este drama biográfico e histórico é tanto um relato sobre fortuna e poder quanto uma reflexão sobre preconceito e resiliência.
A interpretação de George Arliss nos papéis de Mayer e Nathan Rothschild é o coração do filme. Arliss exibe uma presença cativante, oferecendo uma performance que mescla dignidade e astúcia. Como Mayer, ele nos apresenta um homem visionário, que, mesmo em meio às adversidades de uma Europa que oprimia os judeus, semeia as bases de um império financeiro. Já como Nathan, Arliss brilha ao mostrar a determinação implacável do filho em expandir o alcance da família, tornando-o uma figura central na política econômica da época.
A narrativa equilibra momentos de tensão pessoal e profissional, mostrando como os Rothschilds utilizaram sua influência financeira para mudar o curso de eventos históricos, como as Guerras Napoleônicas. Um dos pontos altos do filme é o retrato da Batalha de Waterloo, onde Nathan aposta tudo em sua visão financeira, enquanto o destino de nações se desenrola ao fundo. É uma cena repleta de intensidade, que exemplifica a capacidade de Nathan de manter a cabeça fria enquanto a especulação desenfreada acontece ao seu redor.
O filme também faz um excelente trabalho ao destacar o clima de antissemitismo que permeava a Europa na época. A habilidade dos Rothschilds em manipular o mercado financeiro e superar barreiras sociais é apresentada com respeito, sem deixar de mostrar os desafios enfrentados pela família devido ao preconceito. Isso é particularmente evidente na sequência que mostra como a família foi excluída de um importante empréstimo francês, mas rapidamente revertendo a situação a seu favor.
Além de Arliss, o elenco de apoio merece destaque. Boris Karloff, normalmente visto em papéis monstruosos, aqui entrega uma atuação sutil e ameaçadora como o sinistro Baron Ledrantz. C. Aubrey Smith é carismático como o Duque de Wellington, e Loretta Young adiciona um toque romântico à trama como a protagonista de um amor proibido. As cenas finais, que incluem uma bela sequência em Technicolor na corte britânica, são visualmente deslumbrantes e encerram o filme com uma nota de triunfo.
A Casa de Rothschild é um drama histórico que não apenas celebra a astúcia financeira dos Rothschilds, mas também nos lembra do poder da perseverança diante das adversidades. O filme se destaca por sua produção cuidadosa, performances memoráveis e por trazer à tona uma história muitas vezes negligenciada nos grandes épicos históricos do cinema.