A Herança talvez seja o primeiro filme brasileiro entrando na “nova moda” do terror, o “Folk Horror” que nos últimos anos vem ganhando visibilidade no cinema mundial e por ser uma primeira tentativa achei bem válida, claro que tem pontos a melhorar. Mas quem e o que não tem, certo?
Os filmes de “Folk Horror” são filmes mais lentos, mas que desde o começo já te deixam com a pulga atrás da orelha. São focados em lendas, no clima pesado, tenso e no medo/incômodo causado por algumas cenas/situações, e não no susto fácil e escandaloso.
Em A Herança o desenvolvimento foi lento, mas faltou algo para te prender na história, pelo menos até por volta dos 40 minutos. Até ali o filme parece bem superficial, o casal protagonista apesar de adultos, parecem adolescentes e esse começo acabou sendo um pouco cansativo. Os personagens foram apresentados, rolaram muitos diálogos, mas nenhum deles chegou a prender realmente a atenção. Não me fizeram ficar pensando “vai acontecer algo já, já”, ou “o que estão tramando”, mas tudo isso muda após os 40 minutos.
São praticamente dois filmes. Após um acontecendo bem interessante ali pelos 42 minutos, o filme amadureceu. O “Folk Horror” surgiu realmente. O ritmo continuou lento como deve ser, mas agora ficou interessante, vários elementos começaram a ser mostrados e embora não tivesse como saber o que iria acontecer ainda, você já consegue ficar curioso, agora sim o filme te prende.
As atuações são boas, o elenco todo no geral mandou bem. Os personagens poderiam ter tido um desenvolvimento melhor, mais alguns detalhes teriam sido bem legais, mas é um filme curto, apenas 1h15 e geralmente os filmes de “Folk Horror” justamente por sua lentidão costumam ter quase 2h.
A casa é excelente, bonita, escura e com cômodos perfeitos para o horror. O cenário lá fora também, incrível, e novamente o fato do filme ser curto me fez ficar imaginando o quanto poderiam ter usado tanto o cenário interno como externo para cenas tensas incríveis. Aconteceram algumas muito boas, mas vi potencial ali para momentos que ficariam presos na memória.
Confesso que não gostei da primeira parte do filme, mas depois na segunda me ganhou bonito. Tudo passou a ser melhor, rolaram os momentos tensos que eu esperava, as cenas “bonitas” que esse tipo de filme merece. As atuações cresceram junto com o filme, a história tomou forma e tudo caminhou para um belo final.
No geral devido a empolgação que a metade final do filme me causou, eu gostei. Vale a pena conferir, só tenha em mente que não é um filme de terror teen cheio de sustos bobos, é um filme focado na história e ele é lento, dê tempo para ele se desenvolver.