A Mulher do Século

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"A Mulher do Século": O mundo segundo Mame

Em A Mulher do Século, Rosalind Russell dá vida a uma das personagens mais extravagantes e inesquecíveis do cinema: Mame Dennis, uma socialite vibrante que assume a criação de seu sobrinho Patrick após a morte do pai do garoto. Com um espírito livre e uma visão de mundo totalmente oposta às convenções da sociedade tradicional, Mame embarca em uma jornada de descobertas ao lado do menino, enfrentando desafios como a Grande Depressão e as tentativas do tutor conservador Dwight Babcock de afastá-la de Patrick.

A estrutura do filme é episódica, refletindo o formato do romance original e da peça teatral em que foi baseado. O público acompanha a evolução da relação entre tia e sobrinho ao longo dos anos, passando por momentos de pura comédia e outros de emoção genuína. No centro de tudo está a performance magnética de Russell, que domina cada cena com seu impecável timing cômico e sua capacidade de alternar entre o histrionismo e a ternura sem esforço.

A essência de Mame está em sua recusa em se encaixar nos moldes tradicionais. Seu círculo social é composto por artistas, intelectuais e figuras que desafiam as normas de sua época, algo que se reflete até mesmo nos pequenos detalhes da narrativa. As festas em sua casa são um desfile de personagens excêntricos, e seu modo de educar Patrick inclui experiências que ampliam sua visão de mundo, em contraste direto com o conservadorismo representado por Babcock e sua elite financeira.

Visualmente, o filme abraça um estilo exuberante que combina perfeitamente com sua protagonista. Os figurinos de Mame, carregados de cor e extravagância, são praticamente uma extensão de sua personalidade, enquanto os cenários refletem suas constantes transformações de vida. A direção de Morton DaCosta mantém a teatralidade da peça original, o que, em alguns momentos, faz o filme parecer mais uma sequência de atos do que uma narrativa cinematográfica fluida, mas o carisma de Russell compensa qualquer rigidez estrutural.

A mensagem central de A Mulher do Século é que a vida deve ser vivida sem medo, com curiosidade e paixão. O filme equilibra seu tom irreverente com momentos que tocam no coração, mostrando como Mame realmente se importa com Patrick e deseja que ele cresça sem preconceitos ou amarras sociais. Embora a história sugira que ele eventualmente se conforma a um estilo de vida mais tradicional, há sempre um brilho no olhar do jovem que denuncia a influência permanente de sua tia.

Mais do que uma comédia sofisticada, A Mulher do Século é uma celebração do inconformismo e da liberdade de ser quem se é. Com um humor afiado e uma protagonista inesquecível, o filme atravessa gerações como um lembrete de que viver com intensidade e generosidade é a maior aventura de todas.

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